Economia

Promessas da Petrobras são chave, mas vistas com ceticismo

Promessas da Petrobras de obter fluxo de caixa positivo em 2015, eliminando a necessidade de captações no próximo ano, vão no caminho correto neste momento


	Petrobras: ceticismo de que promessas serão cumpridas é algo que a petroleira precisará superar
 (Arquivo/Agência Brasil)

Petrobras: ceticismo de que promessas serão cumpridas é algo que a petroleira precisará superar (Arquivo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2014 às 14h01.

São Paulo - As promessas da Petrobras de obter fluxo de caixa positivo em 2015, eliminando a necessidade de captações no próximo ano, vão no caminho correto neste momento em que a estatal passa por uma de suas piores crises em meio a denúncias de corrupção, disseram especialistas de mercado.

Mas o ceticismo de que tais promessas serão cumpridas --em um cenário em que a empresa está ameaçada de ter dívidas cobradas antecipadamente por conta dos adiamentos nas divulgações do balanço-- é algo que a petroleira precisará superar, enquanto mais informações são aguardadas.

Ao adiar na sexta-feira pela segunda vez a divulgação de seu balanço do terceiro trimestre não auditado, a Petrobras disse que aprovou recentemente a implementação de uma série de ações voltadas para a preservação do caixa e da liquidez, como antecipação de recebíveis, redução do ritmo dos investimentos, revisão de estratégias de preços de produtos e redução de custos operacionais.

"O mercado vai provavelmente continuar cético, na nossa opinião, até que mais detalhes sejam divulgados", afirmou o UBS em relatório datado de 14 de dezembro. O Bank of America Merrill Lynch disse em nota que, anunciados em qualquer outro momento em anos recentes, as promessas seriam percebidas como algo bastante positivo, com repercussões para as ações.

"Neste momento, entretanto, é uma necessidade virtual, considerando o potencial período estendido que a companhia poderá ter limitado (se algum) acesso a mercados financeiros", disse o relatório do Merrill Lynch.

A estatal informou que conseguiu gerar um fluxo de caixa positivo no trimestre de 4,25 bilhões de reais, ante fluxo negativo de 5,23 bilhões de reais no mesmo período do ano passado, resultado que o Merrill Lynch atribui, considerando o limitado número de informações, a preços da gasolina e diesel mais altos, aumento na produção de petróleo, redução na importação de combustíveis e maiores exportações.

"Mas essas conquistas, embora positivas, são apenas parte do quadro." Segundo relatório do Credit Suisse, "o fluxo de caixa livre positivo" e a eliminação da "necessidade de captações" em 2015 foram os dois aspectos mais relevantes da divulgação da Petrobras na sexta-feira.

"Defendemos o argumento de que, se (um grande "se") a Petrobras puder demonstrar de forma plausível aos investidores que aquelas promessas podem ser alcançadas, esse seria o primeiro passo para uma reavaliação das ações da companhia", afirmou o Credit Suisse, lembrando que a estatal já descumpriu muitas promessas no passado, como metas de produção.

Para ganhar a confiança do investidor de que "dessa vez é diferente", a Petrobras vai ter que dar mais detalhes e mostrar progressos trimestre após trimestre. "Tarefa nada fácil." Por volta das 14h30, as ações preferenciais da Petrobras operavam em baixa de 8,3 por cento, cotadas abaixo de 10 reais, enquanto o Ibovespa recuava 3 por cento.

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