Economia

Isenção do IR poderá ser votada na semana que vem, diz Hugo Motta

Presidente da Câmara disse esperar que relatório atual seja mantido no Plenário, medida pode beneficiar 20 milhões de pessoas

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, durante o evento Macro Day 2025 (Divulgação)

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, durante o evento Macro Day 2025 (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 12h25.

Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 13h04.

A proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais poderá ser colocada para votação na semana que vem, disse Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados.

"Estando maduro [o relatório], eu tenho a vontade de levar já na próxima semana a votação do imposto de renda para que a gente possa isentar aqueles que ganham até R$ 5.000", disse Motta, durante participação no evento Macro Day, realizado pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), nesta segunda-feira, 22.

"Tenho plena confiança de que o trabalho realizado na comissão possa ser defendido e mantido no Plenário", afirmou. "Essa é uma pauta importante, nós sabemos o quanto ela irá trazer avanços significativos para milhões de brasileiros e brasileiras", disse.

"É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara dos Deputados tenha tido na semana passada a semana mais difícil e mais desafiadora", afirmou, comentando a aprovação da PEC da Blindagem, que aumenta a proteção de deputados contra processos judiciais, e o avanço de uma proposta de anistia aos envolvidos em tentativa de golpe de Estado.

"Decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão. O Brasil tem que olhar para frente. Temos que começar a discutir aquilo que realmente importa, que é uma reforma administrativa, que é essa questão do imposto de renda, que é podermos discutir a segurança pública", disse Motta.

O presidente da Câmara, no entanto, defendeu o avanço da PEC da Blindagem. Ele disse que a proposta busca retomar garantias dadas aos deputados pela Constituição em 1988 e que o Legislativo abriu mão, em 2001.

"Temos deputados sendo processados por discursos na tribuna, por uso das redes sociais. É por isso que a Câmara dos Deputados, na sua maioria, com mais de 350 votos, decidiu não inventar nenhum texto, mas fazer apenas a retomada do texto do constituinte originário, daqueles que fizeram a Constituição de 1988", afirmou.

'É claro que a Câmara não vai aliviar para um parlamentar que cometa um crime comum, seja ele qual for. O que nós estamos dizendo é que a liberdade para o livre exercício do mandato outorgado pelo povo, pelo voto popular, ele precisa estar protegido", disse. A proposta agora está em análise no Senado.

Sobre o debate da anistia, Motta afirmou que o fato de o debate desagradar à esquerda e à direita mostra que o Congresso estaria no caminho certo.

"O que a Câmara quer construir está dentro das regras legais do país, reconhecendo o papel que o Supremo cumpriu naquele episódio triste que foi o 8 de janeiro, procurando sim imputar aquelas pessoas que foram lá quebrar, depredar. Aquelas pessoas que armaram planos para matar pessoas. É importante que isso seja feito porque é inadmissível que isso volte a acontecer", disse.

"Ao mesmo tempo, é possível, sim, do ponto de vista político, construir dentro de uma mudança nossa lei penal e dando ao próprio Poder Judiciário a condição de poder rever algumas penas que o Congresso entende que foram exageradas. Foram penas acima daquilo que seria o limite legal", afirmou.

Entenda a proposta de isenção do Imposto de Renda

O projeto de isenção do IR, que tem relatoria do deputado federal Arthur Lira (PP-PB), prevê que pessoas com renda de até R$ 5.000 sejam isentas do imposto de renda. A pauta prevê também redução parcial do imposto para quem recebe entre R$ 5.000 e R$ 7.350.

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que a mudança pode ampliar de 10 milhões para 20 milhões o total de trabalhadores isentos. Já a redução parcial deve alcançar 16 milhões de pessoas.

Atualmente, é isento de pagar o imposto de renda quem ganha até dois salários mínimos (R$ 3.036 por mês).

Em agosto, a Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o requerimento de urgência do projeto de lei, ou seja, o que possibilita o texto ser votado em plenário.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que desistiu de viajar para a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para acompanhar o avanço desse projeto.

Com Agência Brasil

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