Economia

Projeções do governo para inflação e PIB fogem à lógica econômica

Se não alterar as previsões, governo correrá o risco de acertar apenas um deles, ou errar os dois

Ministério do Planejamento: as previsões para inflação e PIB em 2011 foram mantidas (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Ministério do Planejamento: as previsões para inflação e PIB em 2011 foram mantidas (Elza Fiúza/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 17h32.

São Paulo – Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o Ministério do Planejamento manteve a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano em 4,50%. A estimativa para a inflação oficial também não sofreu alteração, encerrando o ano em 5,8%.

As projeções do governo estão bem distantes das calculadas pelo mercado. O boletim Focus, que colhe as estimativas de aproximadamente cem instituições financeiras e consultorias, prevê alta de 3,52% do PIB e de 6,46% da inflação.

Não há nenhuma irregularidade na divergência entre o governo e o mercado em relação às previsões econômicas. O problema é que as projeções divulgadas pelo Ministério do Planejamento fogem à lógica econômica se levarmos em conta o atual cenário.

O Brasil acumula inflação de 7,23% em 12 meses. Para que o índice fosse reduzido a 5,8% até o fim do ano, como prevê o governo, seria necessária uma forte desaceleração econômica – ou até recessão – no último trimestre. Mas se isso acontecer, a projeção de 4,50% para o PIB não será concretizada.

Em resumo: se a inflação for de “apenas” 5,8%, como prevê o governo, o PIB será necessariamente inferior a 4,50%. Se o PIB for de 4,50%, a inflação será necessariamente superior a 5,8%. A conta não fecha. É verdade que o mercado nem sempre acerta – aliás, erra bastante –, mas, nesse caso, suas previsões pelo menos têm coerência.

A expectativa é que, mais cedo ou mais tarde, o governo altere suas projeções de inflação (para cima) e/ou do PIB (para baixo). Se não o fizer, correrá o risco de acertar apenas um deles, ou errar os dois.

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