Christine Lagarde: diretora expressou "pleno apoio" do FMI às prioridades definidas pelo programa econômico elaborado pelo presidente argentino (Tobias Schwarz/AFP/AFP)
AFP
Publicado em 18 de maio de 2018 às 18h47.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse nesta sexta-feira (18) que a Argentina tem responsabilidade "integral" sobre o programa de estabilização da economia que aplicará no país.
"Trata-se de um programa econômico da Argentina concebido integralmente pelo presidente Macri e seu governo", declarou a diretora do FMI em nota, após informar à Direção Executiva sobre o pedido argentino de empréstimo.
A decisão do governo de recorrer na semana passada ao FMI foi muito rejeitada pela opinião pública argentina, havendo inclusive protestos contra o acordo no centro da capital, Buenos Aires, por dois dias consecutivos.
Várias pesquisas realizadas na Argentina indicam uma forte rejeição da opinião pública à decisão do governo de recorrer ao FMI para resolver uma crise financeira aguda que abala o país.
O último empréstimo do FMI concedido à Argentina foi em 2003, dois anos depois de declarar o maior calote da história. Em 2006, o país encerrou a dívida com o organismo por 9,6 bilhões de dólares.
Na semana passada, o país solicitou formalmente ao FMI um programa de crédito do tipo 'stand by' de "acesso excepcional", para enfrentar a profunda crise financeira que abalou o país há algumas semanas.
A demanda argentina de "acesso excepcional" significa que o país pretende conseguir um volume de recursos muito superior ao correspondente à sua cota na entidade.
A Direção Executiva do Fundo se reuniu de modo informal nesta sexta-feira. No encontro, Lagarde transmitiu formalmente o pedido argentino e a equipe técnica apresentou os dados mais recentes sobre o desempenho econômico do país sul-americano.
Em nota oficial, Lagarde expressou o "pleno apoio" do FMI às prioridades definidas pelo programa econômico elaborado por Macri.
Entretanto, admitiu que a decisão do governo de Macri de recorrer ao FMI foi impulsionada pela urgência de lidar com a volatilidade dos mercados, e também "proteger (...) a coesão social do país".
De acordo com Lagarde, quando Macri chegou ao poder, decidiu "calibrar o ritmo do programa de reformas" como uma forma de "forjar e manter o consenso social".
No entanto, acrescentou que "havia uma compreensão clara de que essa abordagem implicaria certas vulnerabilidades".