Economia

Programa de crédito à indústria deve ser suspenso

Será mais um passo em direção à estratégia do Ministério da Fazenda de retirar subsídios governamentais às empresas


	Indústria: o PSI tem orçamento de R$ 50 bilhões para este ano, o mesmo valor empenhado em 2014
 (akekoksomistock/ThinkStock)

Indústria: o PSI tem orçamento de R$ 50 bilhões para este ano, o mesmo valor empenhado em 2014 (akekoksomistock/ThinkStock)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2015 às 08h18.

Brasília - O Programa de Sustentação do Investimento (PSI) deve ser suspenso em meados do ano, antes do prazo de seu vencimento, previsto para dezembro de 2015.

Tocado pelo BNDES, o PSI marcou as ações do governo de combate aos efeitos da crise internacional de 2008 e funciona como uma desoneração para a indústria, financiando a produção e aquisição de máquinas a juros subsidiados e prazos dilatados.

Será mais um passo em direção à estratégia do Ministério da Fazenda de retirar subsídios governamentais às empresas. A atual equipe econômica considera "uma excrescência" o programa, que em dezembro sofreu a oitava alteração nas condições de juros e prazos de pagamento.

O PSI tem orçamento de R$ 50 bilhões para este ano, o mesmo valor empenhado em 2014, quando houve um reforço adicional de R$ 30 bilhões.

A ideia inicial do governo, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, era cortar todos os subsídios já no fim do ano passado, durante os trabalhos de transição nos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O governo acabou optando por uma alternativa política de manter por mais alguns meses os subsídios, para evitar desgaste maior com a indústria logo no início da nova gestão. Mas os critérios foram drasticamente alterados.

A participação do BNDES em cada operação, que variava entre 80% e 100% de cada projeto, foi reduzida para entre 50% e 70%; os juros, que ficavam entre 4,5% e 8%, subiram para entre 7% e 11%, e os prazos, antes estendidos por até dez anos, encurtaram para, no máximo, oito anos.

A vigência, como sempre, foi fixada em 31 de dezembro do ano seguinte, mas a intenção é de não chegar ao fim do prazo.

Em reunião com a área econômica de transição do governo, no fim do ano passado, a presidente Dilma Rousseff concordou com as mudanças do programa.

Na reunião seguinte, que contou com a participação de representantes do BNDES, foi discutida a extinção do PSI - criado em 2009, como uma medida temporária e principal item da política anticíclica do segundo governo Lula, que visava conter os efeitos da crise internacional na indústria.

O BNDES, que em 2014 fez desembolsos de R$ 188 bilhões, já iniciou seu processo de encolhimento, na adequação à nova política macroeconômica, e pode não chegar a R$ 130 bilhões de empréstimos este ano.

Já comprometido com vários projetos, o banco, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, precisaria de um novo aporte de R$ 20 bilhões ainda neste primeiro semestre, mas já foi informado que o Tesouro não fará mais nenhum repasse.

Com isso, o calendário de desembolsos deve sofrer eventuais atrasos.

O banco terá de se financiar apenas com o retorno dos empréstimos (descontadas as amortizações concedidas), com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e com captações no mercado.

Acompanhe tudo sobre:ImpostosIncentivos fiscaisLeão

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos