Economia

Produzir carro no Brasil custa até 60% mais, diz Anfavea

Se o custo de produção de um veículo médio é US$ 100 na China, o custo de produção de um veículo equivalente no Brasil chega a US$ 160

O custo de mão de obra, por sua vez, incluindo os encargos sociais, chegou a 5,3 euros por hora, enquanto no México ela é 2,6 euros por hora (Marco de Bari/Quatro Rodas)

O custo de mão de obra, por sua vez, incluindo os encargos sociais, chegou a 5,3 euros por hora, enquanto no México ela é 2,6 euros por hora (Marco de Bari/Quatro Rodas)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 07h31.

São Paulo - Os custos para a produção da cadeia automotiva no Brasil chegam a ser 60% maiores do que em outros países, é o que mostra um estudo divulgado nesta quarta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O levantamento Competitividade do Setor Automotivo Brasileiro apontou que, se o custo de produção de um veículo médio é US$ 100 na China, o custo de produção de um veículo equivalente no Brasil chega a US$ 160. No México, esse custo é US$ 120 e na Índia, US$ 105.

O estudo foi desenvolvido durante seis meses pela PricewaterhouseCoopers e já foi apresentado para os Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele também mostrou que o custo de capital e o custo de mão de obra são superiores no Brasil em comparação aos demais países. Se em maio deste ano a taxa básica de juros real no Brasil (descontando a inflação) foi 5,5%, no México ela não foi superior a 1,1%.

O custo de mão de obra, por sua vez, incluindo os encargos sociais, chegou a 5,3 euros por hora, enquanto no México ela é 2,6 euros por hora e, na China, 1,3 euros por hora. Além do alto custo de produção, outro fator que vem tirando a competitividade do setor é o fortalecimento do real em relação ao dólar. "Enquanto o Brasil fortaleceu sua moeda, outros países desvalorizaram. E isso dá maior competitividade para esses países", disse Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.

Para que o setor tenha mais competitividade, Belini defende que será preciso investir muito em tecnologia e inovação. "É preciso dar um salto na inovação. O que estamos projetando hoje é um trabalho muito amplo na inovação automobilística, visando ao aumento da competitividade dentro de um programa que vai até 2020", declarou Belini. Para isso, segundo ele, será preciso o desenvolvimento de novas tecnologias e novos produtos.

"Apresentamos um conjunto de situações e esperamos agora uma política industrial que mantenha esse patrimônio do mercado interno forte e que desenvolva uma inovação, uma engenharia, uma inteligência automotiva, de tal forma que possamos ser competitivos e, ao mesmo tempo, produzir e conquistar novos mercados", disse.


De acordo com o estudo, hoje o Brasil investe apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. Em comparação, a Coreia e o Japão chegam a investir 3,5% do PIB em pesquisa e a China, 1,5%. "É baixo o índice de investimento em desenvolvimento em pesquisa no Brasil como um todo", ressaltou Belini, ao apresentar o levantamento.

Segundo o presidente da Anfavea, se esses investimentos em inovação passassem a ser feitos neste momento, os efeitos já começariam a ser sentidos a partir de 2015. "Os resultados de pesquisa e desenvolvimento vão demorar cerca de quatro ou cinco anos para começar a aparecer", disse. De acordo com Belini, investir em inovação no setor também vai significar benefícios para a população, tais como a redução dos preços dos veículos fabricados no País.

"À medida que tenhamos inovação, forem implantados novos paradigmas dos processos produtivos nos componentes e nos materiais e se usar produtos nacionais recicláveis poderemos ter, sem dúvida nenhuma, benefícios para o consumidor".

Acompanhe tudo sobre:AnfaveaAutoindústriaCarrosCusto BrasilIndústriaIndústrias em geralreformasVeículos

Mais de Economia

Comissão do Senado aprova projeto que amplia isenção de IR para quem ganha até dois salários

Após tarifaço, déficit comercial dos EUA cai em junho com a queda das importações

Em meio ao tarifaço dos EUA, Haddad diz que governo dará atenção especial a setores vulneráveis

Crediário ganha o mundo: parcelamento sem juros vira aposta bilionária de fintechs e bancos