Economia

Produtividade do trabalho registra queda de 1,7% no 1° tri de 2019

"Desde 2017, principalmente em 2018, a produtividade já não estava crescendo bem. A surpresa agora é que ocorreu uma piora", disse especialista da FGV

resultado desde o primeiro trimestre de 2016, quando a produtividade do trabalho havia recuado 2,2% (Joe Raedle/Getty Images)

resultado desde o primeiro trimestre de 2016, quando a produtividade do trabalho havia recuado 2,2% (Joe Raedle/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 09h01.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 10h01.

A produtividade do trabalho no País recuou 1,7% no segundo trimestre de 2019, em comparação com o segundo trimestre de 2018. Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2016, quando a produtividade do trabalho havia recuado 2,2%. Os cálculos são de um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), obtidos com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

O estudo mostra ainda que houve piora no desempenho da produtividade por hora trabalhada. Houve aceleração no ritmo de queda em relação ao primeiro trimestre de 2019, quando o recuo foi de 1,1%, observou Fernando Veloso, pesquisador do Ibre/FGV.

"Desde 2017, principalmente em 2018, a produtividade já não estava crescendo bem. A surpresa agora é que ocorreu uma piora", disse Veloso.

Segundo ele, houve um forte aumento no número de pessoas trabalhando no período de um ano, mas o movimento não foi acompanhado por um crescimento do valor adicionado na mesma magnitude. O valor adicionado aumentou 0,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado, enquanto as horas trabalhadas tiveram expansão de 2,6%.

Emprego menos produtivo

"É como se estivesse aumentando o emprego, mas o emprego menos produtivo", explicou.

O avanço da ocupação via informalidade pode explicar o fenômeno, uma vez que o setor informal é menos produtivo que o setor formal. O emprego com carteira assinada está retomando muito lentamente, lembrou o pesquisador do Ibre/FGV.

"Porque os trabalhadores têm menor qualificação, há menos investimento, a tecnologia é inferior, há menos acesso a crédito. Então, por uma série de razões, o setor informal é bem menos produtivo, tem um quarto da produtividade do setor formal. E o emprego todo está acelerando no setor informal", disse Veloso. Ele afirmou, porém, que ainda é melhor ter um trabalho informal do que estar desempregado.

No segundo trimestre, a produtividade do trabalho recuou em todas as três grandes atividades econômicas: na Agropecuária, -2 5%; na Indústria, -0,7%; e nos Serviços, -1,8%.

A situação do setor de serviços é a mais grave, pois a produtividade por hora trabalhada recua há 21 trimestres consecutivos. Dentro dos serviços, dois subsetores marcados pela informalidade tiveram recuos intensos no segundo trimestre de 2019. São o Transporte (-5,2%) e Outros Serviços (-2,9%).

O primeiro inclui os trabalhadores que atuam como motoristas por aplicativo, o segundo teve impacto do avanço dos serviços prestados às famílias. Serviços como um todo concentram cerca de 70% das horas trabalhadas no País."O emprego está indo para esses setores, e são setores onde a informalidade não só em geral é mais alta, como ela também está crescendo fortemente", justificou Veloso.

Acompanhe tudo sobre:FGV - Fundação Getúlio Vargas

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos