Indústria: expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 7,7 por cento na variação mensal (José Paulo Lacerda/CNI/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 4 de agosto de 2020 às 09h25.
Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 10h38.
A indústria do Brasil cresceu em junho pelo segundo mês seguido e no ritmo mais forte em um ano, indicando que o pior do impacto econômico da pandemia de coronavírus teria ficado para trás embora o resultado ainda não tenha sido suficiente para compensar as perdas no ápice do isolamento social.
A produção industrial registrou em junho avanço de 8,9% sobre o mês anterior, depois de alta de 8,2% em maio, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado mensal foi o mais elevado desde junho de 2018 (+12,9%), quando o setor retomou a produção logo após a greve dos caminhoneiros, de acordo com o IBGE.
Em maio e junho, o ganho acumulado foi de 17,9% e o resultado mostra que o setor reverteu o caminho na direção de uma recuperação depois das fortes perdas anteriores em razão das paralisações para contenção do coronavírus. Entretanto, ainda foi insuficiente para reverter a queda acumulada de 26,6% de março e abril.
"O saldo negativo desses quatro meses é bastante relevante (-13,5%)", destacou o gerente da pesquisa, André Macedo. "É preciso relativizar o resultado que ocorre sobre base muito depreciada."
"Claro que é um resultado positivo, temos uma volta gradual da produção, mas são avanços sobre uma base frágil", completou
Ainda assim, o segundo trimestre encerrou com recuo de 17,5% em relação aos três primeiros meses do ano. No primeiro trimestre a queda havia sido de 2,7% sobre os três meses anteriores.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, a produção teve queda de 9,0%, no oitavo resultado negativo seguido nessa base de comparação.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 7,7% na variação mensal e de queda de 10,2% na base anual.
O ritmo de produção vem aumentando desde maio com o afrouxamento do isolamento social após a intensificação das paralisações em diversas plantas industriais por causa da pandemia de Covid-19.
Em junho, o avanço foi generalizado, com destaque entre as grandes categorias econômicas para a alta de 82,2% na produção de Bens de Consumo Duráveis. Os Bens de Consumo Semi e não Duráveis subiram 6,4%.
A produção de Bens de Capital, medida de investimento, aumentou 13,1% em junho sobre o ano anterior, enquanto a de Bens Intermediários apresentou ganho de 4,9%.
Entre as atividades, a influência positiva de maior destaque partiu de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 70,0%, impulsionada pelo retorno à produção de unidades paralisadas por causa da pandemia.
Com esses resultados, a atividade acumulou alta de 495,2% em dois meses consecutivos de crescimento, mas ainda se encontra 53,7% abaixo do patamar de fevereiro.
Também figuram entre os destaques de expansão em junho a fabricação de bebidas (19,3%), de indústrias extrativas (5,5%), de produtos de borracha e de material plástico (17,3%) e de outros equipamentos de transporte (141,9%).
Por outro lado, dois ramos produtivos tiveram resultados negativos: produtos alimentícios e de coque e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, ambos com queda de 1,8%.
Para economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central, a economia brasileira vai encolher 5,66% este ano, com a produção industrial retraindo 7,92%.