Indústria: expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,4 por cento na variação mensal (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 1 de abril de 2020 às 09h24.
Última atualização em 1 de abril de 2020 às 15h24.
A produção industrial do Brasil contrariou as expectativas e subiu em fevereiro pelo segundo mês seguido, embora alguns segmentos possam já dar os primeiros sinais das consequências da pandemia de coronavírus.
Em fevereiro, a produção industrial brasileira aumentou 0,5% em relação ao mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado segue-se à alta revisada para cima de 1,2% em janeiro, contra 0,9% informado antes, e foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,4%.
Nos dois primeiros meses do ano, a indústria acumulou alta de 1,6% na produção, mas isso ainda foi insuficiente para recuperar as perdas de 2,5% nos dois últimos meses de 2019.
A atividade industrial de janeiro foi revisada de 0,9% para 1,2% frente a dezembro, acumulando 1,6% de crescimento nos dois primeiros meses de 2020, nessa base de comparação.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 0,4% na produção da indústria, ante expectativa de recuo de 2,5%.
Entre as categorias econômicas, Bens de Capital, uma medida de investimento, teve o maior ganho de produção, de 1,2% sobre janeiro. A fabricação de Bens Intermediários aumentou 0,5%, enquanto a de Bens de Consumo caiu 0,6%.
Os ramos pesquisados mostraram que houve aumento em 15 dos 26 pesquisados, sendo que as principais influências positivas partiram de veículos automotores, reboques e carrocerias (2,7%) e outros produtos químicos (2,6%).
"Automóveis e caminhões ajudam a explicar esse resultado no começo do ano, depois da perda do ano passado. Houve férias coletivas em novembro e dezembro, e com a volta da produção nos primeiros meses de 2020, é natural que representem impulso de crescimento", explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Por outro lado, apresentaram perdas, entre outros, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-5,8%).
De acordo com Macedo, a queda da produção na informática já pode ter influência das paralisações provocadas pela pandemia do novo coronavírus.
"Alguns segmentos podem ter sido impactados pela situação da China, principalmente aqueles que trabalham com matéria-prima importada e comércio internacional, como é o caso da informática", disse.
A economia brasileira vive momento de fortes incertezas diante das paralisações em todo o país para conter o surto de coronavírus, com fechamentos de empresas e indústrias e com muitos trabalhadores em quarentena, além das medidas de contenção adotadas em todo mundo.
Como consequência do avanço do coronavírus, o Ministério da Economia cortou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 para 0,02%, ante alta de 2,1%.
Já a pesquisa Focus do BC mais recente com uma centena de economistas mostra que a expectativa para a economia já é de contração de 0,48%, com a produção industrial avançando 0,85%.