Economia

Produção de veículos no país deve recuar para nível de 2006

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, o ajuste de estoques do setor deve continuar nos próximos três meses


	Carros estacionados: o setor deve entregar este ano uma queda de 23,2 por cento na produção de veículos
 (hristian Müller/Thinkstock)

Carros estacionados: o setor deve entregar este ano uma queda de 23,2 por cento na produção de veículos (hristian Müller/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 14h00.

São Paulo - A indústria brasileira de veículos em 2015 deve retornar a níveis de atividade de 2006, segundo projeções apresentadas nesta terça-feira pela associação que representa o setor, Anfavea, em meio a um recuo do mercado interno de quase 30 por cento por conta das incertezas geradas pelas crises política e econômica que atingem o país.

O setor deve entregar este ano uma queda de 23,2 por cento na produção de veículos, a 2,418 milhões de unidades, nível próximo dos 2,4 milhões de 2006.

Em vendas, o recuo esperado é de 27,4 por cento, a 2,54 milhões de unidades, nível não visto desde 2007, quando foram licenciados 2,462 milhões de veículos. A Anfavea esperava anteriormente quedas de 17,8 por cento na produção e de 20,6 por cento nas vendas.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, o ajuste de estoques do setor deve continuar nos próximos três meses por meio de "ajustes na produção".

Na véspera, a General Motors informou que vai parar temporariamente o segundo turno de produção da fábrica em São Caetano do Sul (SP) entre esta semana e início de março do próximo ano e deixar funcionários com contratos suspensos.

"De janeiro a setembro retornamos ao nível de produção de 2006 e em termos de empregos estamos numa posição muito parecida com 2008, ainda", disse Moan ao ser questionado sobre a redução de pessoal ocupado pelo setor.

Neste ano até setembro, o nível de emprego da indústria de veículos apresenta queda de 9,6 por cento sobre o mesmo período do ano passado, a 133.609 posições ocupadas.

O presidente da Anfavea afirmou ainda que o setor tem cerca de 33 mil funcionários, ou em vias de entrarem, no Programa de Proteção ao Emprego (PPE) lançado pelo governo federal, que impõe redução de salário e de jornada de trabalho. Além disso, outros 7.200 estão com contratos suspensos.

Apesar da queda de 42 por cento na produção de setembro sobre o mesmo mês de 2014, o nível de estoques da indústria continuou elevado, terminando o mês passado em 346,9 mil unidades, suficientes para 52 dias de vendas. Em agosto, o volume estocado era de 357,8 mil unidades.

Moan reafirmou que o setor espera celeridade na implementação do ajuste fiscal promovido pelo governo federal, para que as incertezas que cercam os consumidores e empresários se dissipe.

Diante disso, a indústria de veículos não está pleitando reduções de impostos como corte do IPI.

"Estamos buscando medidas estruturantes para o setor, como a implementação de um plano de renovação de frota. O consumidor continua interessado em comprar, o índice de motorização do brasileiro é um dos mais baixos do mundo", disse Moan, voltando a citar que de 2012 a 2018 as montadoras planejam investimento de 80 bilhões de reais no país.

Segundo o presidente da Anfavea, a entidade espera para o final do segundo semestre do próximo ano uma recuperação nas vendas sobre este ano, diante da expectativa do setor de retomada da economia.

Já o segmento de caminhões deve continuar amargando os efeitos da queda da confiança dos empresários na economia.

Segundo o vice-presidente da Anfavea responsável pela área de veículos comerciais da entidade, Marco Saltini, a expectativa de vendas de caminhões no país este ano é de 74 mil unidades, queda ante as 137 mil unidades de 2014.

Para 2016, Saltini espera manutenção no volume de caminhões licenciados.

"Nosso setor é PIB (...) O ideal seria uma solução dessa crise política para permitir que as pessoas voltem a ter confiança no país", disse Saltini.

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