Economia

Produção de cana maior de MS e PR limita quebra de safra

Áreas beneficiadas por chuvas poderão compensar parte da quebra de safra de cana 2014/15 nos grandes Estados produtores afetados pela estiagem no centro-sul


	Cana-de-açúcar: Mato Grosso do Sul ainda registra um crescimento importante de área plantada, de quase 10%
 (Divulgação/Divulgação)

Cana-de-açúcar: Mato Grosso do Sul ainda registra um crescimento importante de área plantada, de quase 10% (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 15h10.

São Paulo - Áreas do Paraná e Mato Grosso do Sul beneficiadas por chuvas recentes poderão compensar parte da quebra de safra de cana 2014/15 nos grandes Estados produtores afetados pela estiagem no centro-sul do Brasil, maior produtor global de açúcar, disseram associações locais.

Os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul são, respectivamente, quarto e quinto maiores produtores do centro-sul, com safras somadas de quase 100 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o equivalente a cerca de um sexto da produção do centro-sul.

Com um padrão de chuvas recentes mais regular após a severa seca que atingiu praticamente todas as áreas produtoras no início do ano, o crescimento na produção desses Estados compensará, por exemplo, a queda de pouco mais de 5,5 milhões de toneladas esperada para São Paulo, de longe o maior produtor do centro-sul, com moagem de mais de 350 milhões de toneladas.

"Engraçado o comportamento deste ano... apenas no norte do Paraná vimos um padrão semelhante ao de São Paulo, no resto do Estado teve chuva e algumas usinas podem ter produtividades melhores", disse o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin.

Em Mato Grosso do Sul também foram registradas boas chuvas após a seca atípica do começo do ano, que ajudaram a recuperar parte dos canaviais, e a safra deve crescer 6 por cento, para 44,3 milhões de toneladas, segundo a associação dos produtores sul-mato-grossenses (Biosul). Somadas as previsões das associações dos dois Estados, o aumento da oferta em 14/15 pode chegar a cerca de 4 milhões de toneladas, um volume ainda conservador em comparação com o número da Conab, de crescimento de 12 milhões de toneladas.

O Mato Grosso do Sul ainda registra um crescimento importante de área plantada, de quase 10 por cento, segundo a Conab, em meio a uma recuperação de produtividade após o Estado ser atingido por geadas em 2013, que afetaram uma área de 100 mil hectares.

"São usinas novas no Estado, então teve aumento de área para ter mais cana disponível", disse o diretor técnico da Biosul, Paulo Aurélio, ressaltando que a cana colhida a partir de agora pode apresentar melhores produtividades, uma vez que sentiu menor efeito das geadas do ano passado.

A seca atípica no começo do ano no centro-sul, que responde por mais de 90 por cento da safra nacional, afetou o desenvolvimento das plantas e levou analistas e consultorias a reduzirem suas estimativas para a produção de açúcar, com impacto nos preços dos contratos futuros em Nova York.

Além de São Paulo, Goiás e Minas Gerais (segundo e terceiro produtores de cana) também sofreram fortemente com a seca, e não tiveram o mesmo padrão climático benéfico de Mato Grosso do Sul e Paraná após severa estiagem em plena estação chuvosa.

Nesse contexto, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) estimou em abril a moagem de cana do centro-sul em 2014/15 (abril/março) em 580 milhões de toneladas, recuo de quase 3 por ante a temporada passada.

Procurada, a Unica não se manifestou sobre o assunto.

O meteorologista Celso Oliveira, da Somar, explicou que Paraná e Mato Grosso do Sul receberam chuvas entre a segunda quinzena de maio e junho, enquanto São Paulo teve um tempo mais seco, com algumas das áreas produtoras do Paraná tendo volumes acima da média.

A partir de agora, os representantes dos dois Estados disseram que a preocupação é acompanhar o clima, já que a eventual ocorrência de geadas pode afetar a produção. Oliveira, da Somar, ponderou que por ora não se tem a perspectiva de geadas em áreas produtoras, mas o assunto ficará no radar dos produtores.

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