Geraldo Alckmin: vice-presidente do Brasil critica tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 15h25.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta terça-feira, 19, que a prioridade do governo federal é ampliar o número de produtos brasileiros excluídos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos.
A sobretaxa resulta de uma ordem executiva do presidente Donald Trump, que adicionou 40% aos 10% já em vigor desde abril. Quase 700 itens entre os 4 mil exportados pelo Brasil aos EUA ficaram fora da tarifa extra.
— Nosso trabalho é aumentar a exclusão para mais produtos saírem da tarifa, e reduzir essa tarifa — disse Alckmin durante a 25ª Conferência Anual do Santander, em São Paulo. — A primeira tarefa é a negociação e nós acreditamos que é possível.
O vice-presidente destacou que o tarifaço de Donald Trump não faz sentido, já que a taxa média aplicada pelo Brasil a produtos americanos importados é de 2,7%. Oito dos dez itens mais vendidos ao país entram com alíquota zero.
Alckmin também lembrou que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e o principal investidor estrangeiro no país, com cerca de 4 mil empresas instaladas. Segundo ele, o mercado americano é um destino relevante para produtos brasileiros de maior valor agregado, como os industriais.
O vice-presidente reforçou que a relação bilateral é marcada por “amizade e parceria extremamente antiga”. Atualmente, 12% das exportações brasileiras têm os EUA como destino.
— O Brasil é um bom parceiro porque há quinze anos os EUA têm superávit comercial com o Brasil. Os EUA têm déficit enorme de comércio, de US$ 1,2 trilhão. Mas, do G20 (grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo), só três países têm superávit: Brasil, Reino Unido e Austrália. No ano passado, contando bens e serviços, deu US$ 25 bilhões de superávit. Nos últimos 15 anos, quase meio trilhão de dólares.
Alckmin também comentou a agenda doméstica e defendeu o avanço da reforma administrativa nos próximos meses do governo Lula. Segundo ele, a medida pode ajudar a reduzir custos, simplificar processos e fixar regras para os altos salários no funcionalismo.
— A reforma administrativa pode ajudar a reduzir custos, desburocratizar, simplificar, estabelecer regras para altos salários. Temos que ter uma cultura contra privilégio e desperdício.