Economia

Primeiro semestre deve ter poucos leilões de infraestrutura

Governo federal precisará destravar novos projetos no setor de infraestrutura logística, essencial para a retomada do crescimento econômico


	Ponte em obra inacabada da Transnordestina: foco deve ser nos segmentos de ferrovias e portos
 (Governo Federal/ Divulgação)

Ponte em obra inacabada da Transnordestina: foco deve ser nos segmentos de ferrovias e portos (Governo Federal/ Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2015 às 14h14.

São Paulo - Após um 2014 notadamente lento em leilões de infraestrutura logística, o governo federal terá em 2015 a tarefa de destravar novos projetos no setor, questão considerada fundamental para estimular o aumento dos investimentos e propiciar a retomada do crescimento econômico do País.

O foco deve ser nos segmentos de ferrovias e portos, essenciais para a melhora da competitividade da produção brasileira e nos quais até agora não foram observados avanços.

A meta governamental é desafiadora, tendo em vista juros em alta, crédito diminuindo, grandes investidores enfrentando investigações no âmbito da operação Lava Jato e os principais competidores desenvolvendo fortes programas de investimentos atrelados aos projetos já adquiridos.

A unanimidade entre agentes do setor e especialistas é que não será um ano de muitos leilões e praticamente nada deve ser ofertado no primeiro semestre - a exceção é a concessão da Ponte Rio-Niterói, hoje já operada pela iniciativa privada e cujo contrato atual se encerra em maio. Para o restante dos projetos planejados ou em estudo pelo governo federal - como concessões de mais rodovias, ferrovias e arrendamentos portuários, além da retomada da privatização dos aeroportos -, a expectativa é que haverá, talvez, uma ou outra licitação, no segundo semestre. Um volume mais significativo ficará mesmo para 2016.

"Não vai ter muita coisa (a ser concedida em 2015), porque há um entendimento de que a equipe econômica vai trabalhar no déficit público. Vejo que vai dar uma parada, não tem por onde caminhar", diz o presidente da Triunfo Participações e Investimentos, Carlo Alberto Bottarelli.

"Temos expectativa zero para 2015", afirma um executivo de um outro grupo de concessões, que falou na condição de anonimato. "Primeiro o governo tem que fazer um freio de arrumação e recuperar a confiança de mercado através de medidas mais duras, aumentar arrecadação e abaixar custos, e tem que criar um superávit sincero".

Profissionais da equipe de análise do UBS também consideram que, com base nas condições macroeconômicas atuais, o governo pode adiar o cronograma de leilões de novos projetos, que somam cerca de R$ 100 bilhões.

O sócio diretor da Pezco Microanalysis, Cleveland Teixeira, defende que, além de realizar as medidas de ajuste fiscal, o governo deveria fazer uma revisão dos modelos regulatórios e fortalecer as agências reguladoras. "2015 será o ano para arrumar a casa e as coisas vão ficar de lado, não vejo a possibilidade de grandes novos investimentos em infraestrutura antes da metade de 2016", avalia.

Taxa de retorno
Mudanças também poderão acontecer em setores mais consolidados, como rodovias e aeroportos. Neste caso, a expectativa, por parte dos investidores, é com uma melhora na taxa interna de retorno (TIR) das novas concessões. Depois de tentar definir uma taxa e enfrentar um embate com os principais investidores do setor, o governo foi obrigado a ceder e modificar algumas premissas dos projetos para permitir um retorno maior. Agora, fontes do setor dizem que novas conversas estão em andamento visando um novo aumento.

Profissionais de mercado também já começam a considerar uma TIR mais elevada. "Tendo em vista as atuais condições de mercado, os retornos (TIRs) podem ser revisados para cima nos próximos leilões", afirmou o analista do UBS Rodrigo Fernandes, em relatório. Uma sinalização mais clara deve ser vista no leilão da Ponte Rio-Niterói, mas, para o analista do UBS, o aditivo de contrato da concessionária Autopista Régis Bittencourt, assinado no final de dezembro, reforça a expectativa, na medida em que indica uma disposição da agência reguladora em negociar com as empresas.

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