Economia

Previsões erraram no cálculo de danos do furacão Irma

De acordo com uma estimativa, o custo total caiu de US$ 200 bilhões no fim de semana para cerca de US$ 50 bilhões na segunda-feira

Furacão Irma: seria a tempestade mais cara da história dos EUA (Jayme Gershen/Bloomberg)

Furacão Irma: seria a tempestade mais cara da história dos EUA (Jayme Gershen/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 18h51.

Última atualização em 12 de setembro de 2017 às 20h40.

Boston - Trinta e dois quilômetros talvez tenham feito uma diferença de US$ 150 bilhões.

Os cálculos dos danos que o furacão Irma causaria na Flórida não paravam de aumentar enquanto ele passava devastando o Caribe. Seria a tempestade mais cara da história dos EUA. Depois apareceu algo chamado Anticiclone do Atlântico Norte (Bermuda High) e o desviou.

“Tivemos muita sorte”, disse Jeff Masters, cofundador da Weather Underground em Ann Arbor, Michigan, EUA. Se o Irma tivesse passado 32 quilômetros a oeste de Marco Island em vez de atingir a ilha no domingo, “os danos teriam sido astronômicos”. Um trajeto como esse teria colocado o poderoso olho leste do furacão Irma na Costa do Golfo da Flórida.

De acordo com uma estimativa, o custo total caiu de US$ 200 bilhões no fim de semana para cerca de US$ 50 bilhões na segunda-feira. O estado escapou do pior porque o poderoso olho do Irma se deslocou para o oeste, longe do maior centro populacional do extenso condado de Miami-Dade.

O mérito é do Anticiclone do Atlântico Norte, que atua como uma espécie de polícia de trânsito no Oceano Atlântico Norte tropical. O sistema circular sobre as Bermudas empurrou o Irma para o norte de Cuba no sábado, onde o fato de estar em terra reduziu um pouco sua força, e depois ao redor da ponta da península da Flórida, reduzindo os danos de tempestade nas duas costas do estado.

“O Anticiclone do Atlântico Norte é finito e tem uma borda, que estava bem em cima de Key West”, disse Masters. O Irma chegou na borda e virou para o norte.

Durante 10 dias, modelos de previsão computadorizados tentaram decifrar como o anticiclone iria interferir no percurso do Irma e quando iria parar, disse Peter Sousounis, diretor de meteorologia da AIR Worldwide. “Nunca havia acompanhado uma previsão com tanta atenção quanto a do Irma. Fiquei muito surpreso, não porque um modelo ia para cá e para lá, mas porque todos os modelos estavam indo para cá e para lá.”

Finalmente, o Irma chegou em Florida Keys como um furacão de categoria 4, com ventos de 209 quilômetros por hora, e depois como categoria 3 em Marco Island. O furacão Irma atingiu a região da baía de Tampa como categoria 2. Em contraste, o furacão Andrew, em 1992, entrou no lado leste da Flórida como categoria 5.

“Com o Irma, pequenos desvios fizeram uma grande diferença”, disse Chuck Watson, criador de modelos de desastre da Enki Research em Savannah, na Geórgia, EUA. No caso de uma tempestade fortemente compacta como o Andrew, que entrou de frente no estado, “um desvio de 48 quilômetros não faria diferença”.

No entanto, em termos de danos, “o Irma pode superar o Andrew”, disse Watson. A estimativa mais recente da empresa é de que o Irma ocasionará um custo de US$ 49,5 bilhões para a Flórida; os custos do Andrew, ajustados pela inflação, totalizaram US$ 47,8 bilhões.

O custo do furacão Harvey, que atingiu o sudeste do Texas em 25 de agosto, pode chegar a ser de US$ 65 bilhões a US$ 75 bilhões, de acordo com a AIR Worldwide, criadora de modelos de risco da Verisk Analytics com sede em Boston.

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