Para 2025, que tem peso crescente nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 19ª semana consecutiva (Rmcarvalho/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 09h49.
A expectativa para a inflação deste ano teve leve oscilação para cima no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 4. A projeção para 2023 passou de 4,53% para 4,54%. Um mês antes, a mediana era de 4,63%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção também oscilou de 3,91% para 3,92%. Há um mês, era de 3 91%.
Considerando as 47 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 passou de 4,54% para 4,56%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,92% para 3,91% considerando 46 atualizações no período.
Para 2025, que tem peso crescente nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 19ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa também seguiu em 3 50%, pela 22ª semana seguida.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro, o BC divulgou projeção de 3,6% para o IPCA de 2024, acima dos 3,5% da reunião anterior. Para 2025, subiu de 3,1% para 3,2% no modelo. Para 2023, a projeção foi atualizada de 5,0% para 4,7%. O colegiado reduziu a Selic pela terceira vez consecutiva em 0,50 pp, para 12,25% ao ano.
Os economistas mantiveram parte das expectativas de inflação de curto prazo no Boletim Focus desta segunda-feira. A mediana para novembro oscilou de 0,28% para 0,29%. Há um mês, a expectativa era de 0,30%.
Para o IPCA de dezembro, a estimativa se manteve em 0,46%, de 0 50% um mês antes. Já para janeiro de 2024, a previsão para o indicador seguiu em 0,42%, mesmo nível de quatro semanas atrás.
Os economistas do mercado financeiro alteraram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses de 3,91% para 3,92%, de 3,94% há um mês. Essa medida ganha importância no contexto de meta de inflação contínua a ser perseguida pelo Banco Central, em substituição a de ano calendário.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta calendário. No dia 20 de outubro, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua.
"Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias", disse o ministro, em São Paulo.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.
Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.
O cenário esperado para o câmbio brasileiro neste e no próximo ano oscilou para baixo no Relatório de Mercado Focus desta semana.
A estimativa para o câmbio no fim de 2023 passou de R$ 5,00 para R$ 4,99, ante R$ 5,00 de um mês antes. Para 2024, a mediana passou de R$ 5,05 para R$ 5,03, de R$ 5,05 de quatro semanas antes.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 4, pelo Banco Central manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,84%, contra 2,89% há um mês. Considerando apenas as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 caiu de 2,84% para 2,81%.
Para 2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também foi mantida em 1,50%.
Em relação a 2025, a mediana caiu de 1,93% para 1,90%, ante 1 90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.
O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
O Boletim Focus trouxe estabilidade na projeção para o endividamento público neste ano na edição publicada nesta segunda. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 seguiu em 61,00%, ante 60,61% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a mediana continuou em 1,10%, mesmo nível de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu em novembro que o déficit primário "provável" deste ano deve ficar em torno de 1,32% do PIB, acima da linha.
Já a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano seguiu em 7,60% do PIB, ante 7,51% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,90% para 63,95% do PIB, ante 63,65% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 continuou em 0,80% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus se manteve em 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 6,80%, respectivamente.
No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo "dificilmente chegará à meta zero", até porque o chefe do Executivo "não quer fazer cortes em investimentos e obras". Desde então, aumentou o debate sobre uma possível alteração na meta fiscal do próximo ano.
O resultado das transações correntes ficou negativo em outubro deste ano, em US$ 230 milhões, informou o Banco Central. Este é o melhor desempenho para meses de outubro desde 2006, quando o saldo foi positivo em US$ 1,296 bilhão. Em setembro, o resultado foi deficitário em US$ 1,375 bilhão.
O saldo negativo da conta corrente em outubro ficou menor que a mediana do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que apontava para déficit de US$ 950 milhões. O intervalo ia de déficit de US$ 2,60 bilhões a superávit de US$ 1,10 bilhão.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,372 bilhões em outubro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,548 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 4,223 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 169 milhões.
No ano até outubro, a conta corrente teve rombo de US$ 20,847 bilhões. Em 12 meses, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 33,976 bilhões, o que representa 1,62% do Produto Interno Bruto (PIB).
A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 36 bilhões em 2023, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.