Economia

Prévias do varejo apontam para o melhor Natal dos últimos quatro anos

O resultado, no entanto, ainda está distante dos níveis pré-crise, ponderam economistas

Shopping Cidade São Paulo: pessoas tiram fotos em frente à decoração de Natal (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Shopping Cidade São Paulo: pessoas tiram fotos em frente à decoração de Natal (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de dezembro de 2018 às 07h24.

Última atualização em 27 de dezembro de 2018 às 07h28.

Depois de um ano turbulento para o varejo, afetado por greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo e eleições, o consumo reagiu na reta final. Os primeiros dados, divulgados ontem, indicam que o Natal de 2018 teve um dos melhores desempenhos dos últimos anos. O resultado, no entanto, ainda está distante dos níveis pré-crise, ponderam economistas.

Dois indicadores que são termômetro do comércio apontam para a tendência de retomada. Nas compras a prazo, por exemplo, as consultas feitas por lojistas para checar a situação de crédito dos consumidores aumentaram 2,66% entre os dias 4 e 24 deste mês em relação a 2017. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o SPC Brasil, esse foi o maior avanço desde 2014.

Também a receita nominal do varejo, que inclui todos os meios de pagamento e não desconta a inflação, teve aumento expressivo na semana do Natal. Cresceu 7,7% em relação ao mesmo período de 2017, puxada principalmente pelas quantidades vendidas, de acordo com o Índice Cielo de Varejo Ampliado. Esse foi o melhor resultado do indicador para o período pré-natalino desde 2015.

Nos shoppings, as vendas avançaram 5,5% este ano em relação ao Natal de 2017, quando o ritmo tinha sido um pouco menor, de 5%, segundo levantamento preliminar feito pela Associação de Lojistas Brasileira de lojistas de Shopping (Alshop). “O Natal salvou o ano”, afirma o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. Ele diz que as lojas de shoppings vão terminar 2018 com crescimento de 6% nas vendas. “Podemos festejar o resultado do Natal e do ano.”

O economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, é mais cauteloso. “Foi um Natal bom para as circunstâncias”, disse. “Tivemos um ano bastante tumultuado, por conta do período eleitoral. Antes, nossa incerteza era total. Agora, temos meia incerteza.” O economista projeta crescimento real - descontada a inflação - de 2% a 3% nas vendas deste Natal em relação à mesma data de 2017. Taxa semelhante é esperada pela Confederação Nacional do Comércio, de 3,1%.

Com uma participação pequena nas vendas totais do varejo (de apenas 4%), o comércio eletrônico registrou um forte crescimento no Natal deste ano: o faturamento foi de R$ 9,9 bilhões no Natal o que representa alta 13,5% em relação ao mesmo período de 2017 segundo a consultoria Ebit - Nielsen.

Confiança. Para a economista-chefe do SPC/Brasil, Marcela Kawauti, os resultados positivos do Natal refletem, especialmente, a maior confiança da população com a economia.

Dois indicadores de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV) deste mês mostram que o brasileiro está mais otimista dos dois lados do balcão. O Índice de Confiança do Consumidor atingiu 93 8 pontos, a maior marca desde abril de 2014. A confiança dos empresários do varejo foi a 105,1 pontos este mês, o maior resultado desde abril de 2013, segundo a FGV.

“Com a definição do quadro eleitoral e a volta da previsibilidade, os empresários gradativamente começam a retomar planos engavetados”, diz Marcela. Um levantamento preliminar da Alshop revela que 30 empresas do comércio pretendem abrir quase mil lojas em 2019 e contratar 8 mil trabalhadores.

A economista pondera no entanto que os resultados do varejo, apesar de apontarem para um tendência favorável para 2019, ainda estão longe dos níveis alcançados antes da crise. “Só a melhora da confiança não é suficiente para ter crescimento.”

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