Real: índice IBC-Br é considerado a prévia do PIB (Priscila Zambotto/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 09h42.
Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 13h52.
São Paulo — O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,18% em novembro na comparação com o mês anterior, de acordo com dados dessazonalizados divulgados pelo BC nesta quinta-feira (16).
Foi a quarta alta consecutiva na comparação mensal que o índice teve. O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,10% na comparação mensal.
Na comparação com novembro de 2018, o IBC-Br apresentou ganho de 1,10% e, no acumulado em 12 meses, teve alta de 0,90%.
"O resultado é extremamente positivo não pelo valor em si, mas porque pega no contra pé a leitura pior de novembro que viu no comportamento da Indústria queda, nos Serviços estabilidade e no Varejo crescimento aquém do esperado", diz André Perfeito, economista-chefe da Necton em nota aos clientes.
A expectativa do mercado era de frustração, já que os dados de atividade da economia em novembro, medidos pelo desempenho desses três setores citados pelo economista, e que tiveram seus números divulgados entre esta semana e a passada, mostraram um desempenho aquém do esperado.
"Neste sentido podemos ver hoje uma reversão da perspectiva mais negativa que vinculava a piora da atividade uma queda maior nos juros e assim uma menor atração de dólares fazendo o Real perder força", diz Perfeito.
Um ponto de atenção é que os dados de outubro foram revisados fortemente para baixo, de 0,17% para 0,9%, quase a metade do valor. Com isso, caiu a base de comparação para o dado de novembro.
"Isto fez a variação anual, ou seja, outubro de 2019 contra outubro de 2018, cair de 2,13% para 1,98%", destaca Perfeito.
Segundo Alberto Ramos, do Galdman Sachs, apesar de o índice de novembro ter vindo acima do esperado, o mês ainda assim registrou um crescimento modesto em termos absolutos e poderia ter vindo melhor não fosse pelo resultado fraco de indústria, varejo estendido e de serviços.
"O PIB real ainda está 6,1% abaixo do pico do ciclo de dezembro de 2013 (antes da recessão) e apenas 5,6% acima do nível cíclico de dezembro de 2016 (tornando a recuperação cíclica mais fraca já registrada)", diz Ramos.
No futuro, segundo o economista, a atividade deverá ser apoiada pelo ambiente de inflação baixa (que está sustentando a renda dos salários reais), crescimento do emprego, fluxos de crédito e taxas de juros em declínio, mas um desemprego ainda significativo no mercado de trabalho e a confiança reduzida do consumidor podem limitar a flutuabilidade da inflação.
"O progresso em direção à consolidação fiscal nos níveis federal e subnacional continua sendo, em nossa avaliação, essencial para ancorar o sentimento do mercado, apoiar o sentimento do consumidor e do negócio e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação superficial", diz em nota.
Já para a consultoria 4E, podemos esperar a continuidade dessa dinâmica para os próximos meses. "Os efeitos da liberação do FGTS e dos maiores estímulos monetários devem ser vetores a impulsionar a atividade econômica", diz em nota.
O Banco Central divulga o IBC-Br de dezembro em 14 de fevereiro, enquanto o IBGE divulga o PIB fechado de 2019 só no dia 04 de março.
(Com informações da Reuters)