Economia

Vestuário e alimentos caem e IPCA-15 tem menor fevereiro desde 1994

Prévia da inflação desacelerou para 0,22% em fevereiro ante alta de 0,71% em janeiro, revelou o IBGE nesta quinta-feira

Dinheiro: taxa acumulada em 12 meses passou de 4,34% em janeiro para 4,21% em fevereiro (Germano Lüders/Exame)

Dinheiro: taxa acumulada em 12 meses passou de 4,34% em janeiro para 4,21% em fevereiro (Germano Lüders/Exame)

R

Reuters

Publicado em 20 de fevereiro de 2020 às 09h35.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2020 às 10h30.

São Paulo —  A prévia da inflação oficial brasileira permaneceu em desaceleração e atingiu o menor nível para fevereiro desde o início do Plano Real, com quedas nos preços de vestuário, cuidados pessoais e alimentos.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou a alta a 0,22% em fevereiro depois de subir 0,71% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

Esse é o resultado mais baixo para um de fevereiro desde o início do Plano Real, em 1994.

Em 12 meses até fevereiro, o IPCA-15 acumulou avanço de 4,21%, contra 4,34% até janeiro, ficando ainda mais próximo do centro meta de inflação para este ano, de 4% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de altas de 0,24% no mês e 4,23% em 12 meses, na mediana das projeções.

Esta é a primeira divulgação do IPCA-15 com a nova estrutura de ponderação, considerando os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018.

No mês, três grupos apresentaram deflação e tiveram impactos negativos. Os preços de Vestuário tiveram queda de 0,83%, enquanto os de Saúde e cuidados pessoais recuaram 0,29%.

O grupo Alimentação e bebidas, com importante peso sobre o bolso dos consumidores, também apresentou variação negativa, de 0,10% em fevereiro. O resultado se deve principalmente à queda de 5,04% no preço das carnes.

Por outro lado, Educação teve a maior alta no mês, de 3,61%, em movimento sazonal somente os cursos regulares subiram 4,36%.

Por sua vez, os Transportes subiram 0,20% mas ainda assim mostraram desaceleração sobre a alta de 0,92% em janeiro, porque o avanço dos preços de combustíveis enfraqueceu a 0,49% em fevereiro de 2,96% em janeiro.

Na semana passada, depois de reduzir a taxa básica de juros Selic à mínima histórica de 4,25%, o Banco Central indicou divergência entre os membros sobre o nível de ociosidade na economia. Também apontou que, diante de "múltiplas incertezas" envolvendo este e outros fatores, quer ter melhor compreensão do cenário para definir os próximos passos para os juros básicos.[nL1N2AB08L]

O BC afirmou ainda que há dicotomia na recuperação econômica do Brasil, com melhora no mercado de trabalho, mas com produção industrial e indicadores preliminares de investimento abaixo do esperado.

Um ponto de atenção, entretanto, é o câmbio, uma vez que o dólar vem batendo sucessivos recordes ante o real. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária está tranquila sobre o tema, mas que pode fazer intervenções em caso de problemas de liquidez ou se for identificado movimento "exagerado" no mercado cambial.[nL1N2AI1I1]

Veja detalhes na variação mensal (%):

GrupoJaneiroFevereiro
Índice Geral0,710,22
Alimentação e Bebidas1,83-0,1
Habitação -0,140,07
Artigos de Residência-0,010,17
Vestuário0,1-0,83
Transportes0,920,2
Saúde e Cuidados Pessoais0,35-0,29
Despesas Pessoais0,470,31
Educação0,233,61
Comunicação0,020,02

(Por Camila Moreira; Edição de Maria Pia Palermo)

Acompanhe tudo sobre:DinheiroIBGEInflaçãoPreços

Mais de Economia

Planalto quer que Haddad explique corte de gastos em pronunciamento em rádio e TV

Para investidor estrangeiro, "barulho local" sobre a economia contamina preços e expectativas

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%