Supermercado mais caro: alta nos preços acontece por fatores climáticos, que levaram a quebra de safra (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 25 de abril de 2025 às 09h03.
Última atualização em 25 de abril de 2025 às 09h38.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em abril em 0,43%, desaceleração de 0,21 ponto percentual em relação a março, quando o índice registrou alta de 0,64%.
O resultado foi divulgado nesta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,40%.
O acumulado do ano ficou em 2,43%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses atingiu 5,49%. Em abril de 2024, o IPCA-15 havia registrado um aumento de 0,21%.
De acordo com o IBGE, o desempenho foi puxado, principalmente, pelos grupos de Alimentação e bebidas (1,14%) e Saúde e cuidados pessoais (0,96%). Juntos, esses dois grupos foram responsáveis por 88% do índice do mês.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram resultados positivos, com destaque para Alimentação e bebidas, que registrou a maior variação (1,14%) e impacto (0,25 p.p.), e Saúde e cuidados pessoais (0,96% e 0,13 p.p.). A única variação negativa observada em abril foi no grupo Transportes (-0,44% e -0,09 p.p.).
No caso da alimentação no domicílio, a variação acelerou de 1,25% em março para 1,29% em abril. As altas de itens como tomate (32,67%), café moído (6,73%) e leite longa vida (2,44%) foram determinantes para esse resultado. Já a alimentação fora do domicílio (0,77%) também apresentou aceleração em relação a março (0,66%), impulsionada pela alta do lanche (1,23%) e da refeição (0,50%).
Além de Alimentação e bebidas, o grupo de Saúde e cuidados pessoais (0,96% e 0,13 p.p.) também teve forte influência no índice geral, com contribuições de itens como higiene pessoal (1,51%), produtos farmacêuticos (1,04%) – após a autorização de reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, a partir de 31 de março – e plano de saúde (0,57%).
IPCA-15 - Variação e impacto nos grupos | ||||
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Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
Março | Abril | Março | Abril | |
Índice Geral | 0,64 | 0,43 | 0,64 | 0,43 |
Alimentação e bebidas | 1,09 | 1,14 | 0,24 | 0,25 |
Habitação | 0,37 | 0,09 | 0,06 | 0,01 |
Artigos de residência | 0,03 | 0,37 | 0,00 | 0,01 |
Vestuário | 0,28 | 0,76 | 0,01 | 0,04 |
Transportes | 0,92 | -0,44 | 0,19 | -0,09 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,35 | 0,96 | 0,05 | 0,13 |
Despesas pessoais | 0,81 | 0,53 | 0,08 | 0,06 |
Educação | 0,07 | 0,06 | 0,00 | 0,00 |
Comunicação | 0,32 | 0,52 | 0,01 | 0,02 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. | ||||
IPCA-15 - Variação nas regiões | |||||
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Região | Peso Regional (%) | Variação Mensal (%) | Variação Acumulada (%) | ||
Março | Abril | Ano | 12 meses | ||
Porto Alegre | 8,61 | 0,78 | 0,88 | 2,63 | 5,53 |
São Paulo | 33,45 | 0,60 | 0,56 | 2,47 | 5,67 |
Curitiba | 8,09 | 1,12 | 0,51 | 2,93 | 5,77 |
Rio de Janeiro | 9,77 | 0,63 | 0,37 | 2,34 | 5,18 |
Belo Horizonte | 10,04 | 0,62 | 0,36 | 2,40 | 6,12 |
Fortaleza | 3,88 | 0,34 | 0,34 | 2,00 | 4,95 |
Recife | 4,71 | 0,43 | 0,34 | 2,34 | 4,37 |
Belém | 4,46 | 0,62 | 0,33 | 2,36 | 4,87 |
Salvador | 7,19 | 0,58 | 0,27 | 2,50 | 5,38 |
Brasília | 4,84 | 0,78 | -0,02 | 2,37 | 5,47 |
Goiânia | 4,96 | 0,41 | -0,13 | 1,81 | 5,15 |
Brasil | 100,00 | 0,64 | 0,43 | 2,43 | 5,49 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. |
O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:
O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.
Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.
Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.
O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.
Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.