Economia

Prévia da Inflação: IPCA-15 desacelera e fica em -0,14% em agosto

O acumulado do ano fechou o mês em 3,26%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 4,95%

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 09h04.

Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 09h22.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em agosto em -0,14%, desaceleração de 0,47 ponto percentual em relação a julho, quando o índice registrou alta de 0,33%.

Esse é o menor IPCA-15 desde setembro de 2022 (-0,37%) e o primeiro negativo desde julho de 2023 (-0,07%).

O acumulado do ano fechou o mês em 3,26%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 4,95%. Em agosto de 2024, o IPCA-15 havia registrado um aumento de 0,19%.

O dado veio levemente acima da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma queda de -0,23%.

Por que o IPCA-15 veio negativo em agosto?

A variação e o impacto negativo mais intensos vieram do grupo Habitação (-1,13% e -0,17 p.p.), devido à queda na energia elétrica residencial (-4,93%), que exerceu o maior impacto no índice (-0,20 p.p.). Também registraram quedas em agosto os grupos Alimentação e Bebidas (-0,53% e -0,12 p.p.) e Transportes (-0,47% e -0,10 p.p.), que, juntamente com Habitação, são os de maior peso no IPCA-15.

Além disso, o grupo Comunicação registrou queda (-0,17% e -0,01 p.p.), e os demais grupos tiveram variações e impactos positivos ou nulos: Despesas Pessoais (1,09% e 0,11 p.p.), Educação (0,78% e 0,05 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,64% e 0,09 p.p.), Vestuário (0,17% e 0,01 p.p.) e Artigos de Residência (0,03% e 0,00 p.p.).

Habitação passou de um aumento de 0,98% em julho para uma queda de 1,13% em agosto. O grupo foi impactado pela energia elétrica, que recuou 4,93% no mês, em decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, embora estivesse em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 à conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Em julho, vigorava a bandeira tarifária vermelha patamar 1.

A energia elétrica também sofreu uma série de reajustes tarifários: 4,25% em Belém (-6,47%), a partir de 7 de agosto; 13,97% em uma concessionária de São Paulo (-0,88%), vigente desde 4 de julho; 1,97% em Curitiba (-6,19%), em vigor desde 24 de junho; 14,19% em uma concessionária de Porto Alegre (-8,38%), vigente desde 19 de junho; e uma redução de 2,16% em uma concessionária do Rio de Janeiro (-6,49%), a partir de 17 de junho.

Ainda em Habitação, a taxa de água e esgoto (0,29%) refletiu o reajuste de 4,97% em Salvador (4,64%), vigente desde 18 de julho. O gás encanado (0,17%) teve um reajuste de 6,41% nas tarifas em Curitiba (2,99%) a partir de 1º de agosto, e uma redução de 1,22% no Rio de Janeiro (-0,57%) desde 1º de agosto.

IPCA-15 - Variação e impacto nos grupos
GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
JulhoAgostoJulhoAgosto
Índice Geral0,33-0,140,33-0,14
Alimentação e bebidas-0,06-0,53-0,01-0,12
Habitação0,98-1,130,15-0,17
Artigos de residência-0,020,030,000,00
Vestuário-0,100,170,000,01
Transportes0,67-0,470,13-0,10
Saúde e cuidados pessoais0,210,640,030,09
Despesas pessoais0,251,090,030,11
Educação0,000,780,000,05
Comunicação0,11-0,170,00-0,01
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

Terceira queda no preço dos alimentos

O grupo Alimentação e bebidas (-0,53%) mostrou resultado negativo pelo terceiro mês consecutivo, intensificando a queda em relação aos meses de julho (-0,06%) e junho (-0,02%).

A alimentação no domicílio recuou 1,02% em agosto, com destaque para as quedas da manga (-20,99%), da batata-inglesa (-18,77%), da cebola (-13,83%), do tomate (-7,71%), do arroz (-3,12%) e das carnes (-0,94%). Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,71% em agosto, em virtude das altas no lanche (1,44%), segundo maior impacto positivo no índice (0,03 p.p.), e na refeição (0,40%).

Qual foi o resultado do IPCA-15 de agosto de 2025?

  • IPCA-15 de agosto: -0,14%
  • IPCA-15 no ano: 3,26%
  • IPCA-15 nos 12 meses: 4,95%

Quem calcula o IPCA?

O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:

1. Amostra de produtos e serviços

O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.

2. Pesquisa de preços

Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.

3. Ponderação dos itens

Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.

4. Cálculo do índice

O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.

O que é IPCA-15?

Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

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