Economia

Preso diz que fez acusação em troca de dinheiro no Maranhão

Ele teria recebido promessas de dinheiro e outros benefícios para gravar um vídeo no qual envolve o candidato Flávio Dino em um assalto


	Flávio Dino: Dino lidera a disputa pelo governo do Maranhão com 42%
 (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Flávio Dino: Dino lidera a disputa pelo governo do Maranhão com 42% (Elza Fiúza/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 11h55.

São Paulo - O detento Andre Escocio Caldas, preso desde fevereiro no Centro de Custódia de Presos da Justiça (CCPJ) do complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, acusado de roubo, disse ontem, em depoimento à Polícia Civil, ter recebido promessas de dinheiro e outros benefícios para gravar um vídeo no qual envolve o candidato do PC do B ao governo do Estado, Flávio Dino, no assalto a um carro-forte no campus da Universidade Federal do Maranhão.

O vídeo foi exibido no início da semana em um programa de grande audiência da TV Difusora, pertencente à família do adversário de Dino, o senador Edson Lobão Filho (PMDB). A gravação foi reproduzida em um jornal da família Sarney e se tornou tema da campanha.

Segundo o Ibope, Dino lidera a disputa pelo governo do Maranhão com 42% das intenções de voto ante 30% de Lobão Filho, que tem apoio dos Sarney.

Segundo o vídeo, Dino teria ligações com integrantes da facção criminosa Bonde dos 40, suspeita de ter assaltado o carro-forte na universidade federal em fevereiro deste ano.

Diretor. No depoimento prestado ontem, Caldas confirma ter informações sobre os autores do assalto, mas nega a participação do candidato do PC do B. O presidiário disse ter sido retirado da cela há cerca de 20 dias pelo diretor do CCPJ, Carlos Aguiar, e por um dos chefes de segurança do presídio.

Na sala do diretor, ele teria recebido "promessa de conseguirem um alvará de soltura e mais uma boa quantia em dinheiro, além do declarante (Escocio) ficar ‘blindado’ (protegido) no sistema" caso aceitasse gravar o vídeo e "conversar para aparecer o nome de Flávio Dino".

Segundo o depoimento, a gravação foi feita na própria sala do diretor do CCPJ e registrada por uma câmera e um telefone celular. Caldas afirma ter tomado conhecimento de que o vídeo estava disponível nas redes sociais por meio de outros colegas, que ouviram notícias na Rádio Difusora, também de propriedade de Lobão Filho, e no jornal O Estado do Maranhão, pertencente aos Sarney.

De acordo com o presidiário, quando a notícia se espalhou os demais detentos reagiram aos gritos de "vai morrer, vai morrer". Também ouvido ontem, Aguiar confirmou ter feito a gravação e ter dito a Caldas que se ele conseguisse comprovar as denúncias poderia receber benefícios do Judiciário.

O diretor do CCPJ, no entanto, declarou desconhecer a forma como as imagens foram parar na internet e negou ter atuado em nome de partidos políticos.

Ainda ontem um dos coordenadores da campanha de Flávio Dino foi a Brasília para se encontrar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e representantes do Ministério da Justiça. Ele pediu proteção da Polícia Federal e o envio de tropas federais até São Luís para garantir a realização das eleições.

Com a liderança nas pesquisas, o candidato do PC do B tem chance de quebrar uma hegemonia de seis décadas da família Sarney e seus aliados no governo do Maranhão.

Dino alega que o calor da disputa eleitoral, aliado à crise de segurança no Estado, agravada por uma fuga em massa em Pedrinhas, pode causar turbulências durante a votação.

O complexo penitenciário em São Luís é destaque na mídia nacional desde o ano passado, quando ao menos 60 detentos foram assassinados nas dependências do local, formado por sete prisões. O presídio é considerado um dos mais violentos do País.

Somente neste ano já foram registradas 16 novas mortes no local e fugas em massa: 92 presos conseguiram escapar. O presídio também enfrenta problema da superlotação, com mais de 2,4 mil detentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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