Efeitos das tarifas
As novas tarifas comerciais dos Estados Unidos contra Canadá, México e China, propostas por Trump, deverão elevar preços nos EUA e ter impactos mais profundos nos outros países da América do Norte.
Atualmente, cerca de 80% das exportações do Canadá e do México vão para os Estados Unidos. As exportações para os EUA respondem por 40% do PIB mexicano. Do outro lado, segundo um estudo do Peterson Institute, as importações do Canadá e do México para os Estados Unidos representaram 3,3% do PIB americano em 2023. Com isso, o impacto direto nos preços nos EUA seria de 0,8%.
Além disso, o Peterson estima que haveria um efeito de mais 0,4% na alta de preços, porque as empresas que produzem nos EUA poderão subir os preços, já que haverá menos competição com itens estrangeiros mais baratos.
No final, o impacto total seria de 1,2%.
"O problema político para o presidente Trump não seria tanto o pequeno aumento nos preços gerais, mas altas em mercadorias de destaque, como gasolina nos postos em alguns lugares, algumas marcas de carros, abacates e tomates", diz o estudo.
Cadeias integradas
Um dos grandes problemas de impor tarifas onde antes havia circulação livre é que em várias cadeias de produção, como a de automóveis, os produtos cruzam a fronteira diversas vezes ao longo do processo de produção. Com as tarifas, isso se tornaria inviável.
No caso do México, a maioria das fábricas exportadoras fica a menos de 50 quilômetros da fronteira com os EUA. Se os trabalhadores mexicanos dali ficarem sem emprego, a chance de eles tentarem imigrar para o território americano pode crescer.
Com as tarifas, os preços para os consumidores deverão subir tanto para compradores industriais quanto pessoas físicas. As importações industriais de Canadá e México pelos Estados Unidos se concentram em maquinário, eletrônicos, veículos, autopeças e combustíveis, como petróleo e gás. Entre os alimentos, a lista inclui cervejas, salgadinhos, frutas e vegetais, como abacate e tomates, além de carnes, brinquedos e calçados.