Economia

Presidente do BNDES: Recuperação econômica não é tão forte como o esperado

O presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, afirmou que o crescimento não foi tão bom quanto analistas esperavam, mas o resultado é importante e muito positivo

Para quem saiu de uma recessão brutal como nós saímos, não é nada mau crescer 2%, 2,5% ou 3% em 2018, disse Dyogo Oliveira (Ueslei Marcelino/Reuters)

Para quem saiu de uma recessão brutal como nós saímos, não é nada mau crescer 2%, 2,5% ou 3% em 2018, disse Dyogo Oliveira (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de maio de 2018 às 14h17.

São Paulo - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, reconheceu nesta sexta-feira, 18, que a recuperação da economia brasileira tem sido mais lenta do que o governo esperava. Ainda assim, considerou que, embora seja gradual, o processo de recuperação é "consistente".

"Para quem saiu de uma recessão brutal como nós saímos, não é nada mau crescer 2%, 2,5% ou 3% em 2018", declarou o ex-ministro do Planejamento após participar de seminário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Ao citar, como exemplo, a indústria de caminhões, Dyogo Oliveira sustentou que vários setores da economia estão indo muito bem. "Não é tão forte a recuperação como nós esperávamos, quanto muitos analistas esperavam, mas é algo muito importante e muito positivo", disse o presidente do BNDES.

Prazos de financiamento

Após informar que o banco de fomento avalia aumentar prazos de financiamentos, Dyogo Oliveira, acrescentou em entrevista a jornalistas que o estudo foi encomendado na quinta e pode levar entre dois e três meses.

O presidente do BNDES afirmou que as condições do banco, que pretende desembolsar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões neste ano, lhe permitem alongar as linhas existentes.

O objetivo é que os empréstimos do banco comprometam uma parcela menor da renda das empresas num momento em que, segundo observou Dyogo Oliveira, elas ainda têm baixa capacidade de endividamento e seguem em processo de desalavancagem (redução das dívidas).

"Estamos estudando todas as linhas. Mas, o final disso, não sei dizer: se serão todas ou quase todas", comentou o presidente do BNDES ao ser questionado sobre quais produtos do banco poderão ter prazos mais longos.

Mais cedo, ao participar de seminário da Fiesp, Dyogo assinalou que, embora as linhas da instituição continuem à disposição das empresas, a maioria delas não vem procurando o banco de fomento por não ter planos de investimento.

Essa situação acontece, observou, porque ainda há muita ociosidade nas linhas de produção. O presidente disse que espera, no entanto, uma reversão desse quadro com a recuperação econômica, citando previsões de economistas de um crescimento na faixa de 2% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB). "Acreditamos em retomada natural dos investimentos."

Já do lado do sistema financeiro, Dyogo Oliveira avaliou que a queda da inadimplência e das provisões para possíveis calotes, em conjunto com a menor rentabilidade das aplicações financeiras em razão da queda da taxa básica de juros, deve estimular os empréstimos bancários.

"Os bancos têm resultados no Brasil maiores do que a média do mundo. Isso é resultado dos juros historicamente altos. Quando você tem a Selic a 6,5%, você passa a ter um milhão de coisas a fazer do que ficar aplicado em Selic", disse Dyogo Oliveira. "A era do juro baixo vai movimentar a massa de dinheiro que está parada em Selic para a economia", acrescentou o presidente do BNDES, que também defendeu a maior competição como o caminho para diminuir os spreads dos bancos.

Da parte do BNDES, Dyogo Oliveira salientou que o banco vem trabalhando para ser mais eficiente, reduzir os custos de sua operação e diminuir as perdas com inadimplência, o que permitiu à instituição reduzir em até 50% seus spreads.

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