Economia

Presidente do BC diz que redução da Selic deve ser responsável

Diante da recessão econômica e da melhora na inflação, o BC tem sinalizado que pode intensificar o corte da taxa básica de juros

Goldfajn: "todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do Banco Central. A questão é como chegar lá", afirmou (.)

Goldfajn: "todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do Banco Central. A questão é como chegar lá", afirmou (.)

AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 16h02.

Última atualização em 12 de dezembro de 2016 às 16h14.

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (12) que a redução da taxa básica de juros, a Selic, deve ser feita de forma responsável.

"Todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do Banco Central. A questão é como chegar lá. Para isso, é importante que a redução dos juros seja feita de forma responsável, para que seja sustentável no longo prazo. Caso contrário, a trajetória terá que ser revertida lá na frente", disse Goldfajn em discurso durante almoço de confraternização dos dirigentes de bancos, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.

Diante da recessão econômica e da melhora na inflação, o BC tem sinalizado que pode intensificar o corte da taxa básica de juros. Nas suas duas últimas decisões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.

A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

Goldfajn disse que o Copom se reúne de forma frequente para avaliar o desempenho corrente e prospectivo da economia e pode sempre adequar as condições da política monetária.

"Mas essa avaliação sobre a política monetária não pode ser confundida com o debate sobre os juros estruturais da economia. Os juros estruturais dependem de diversas variáveis, tais como fatores reais: produtividade, grau de incerteza, garantias, respeito a contratos etc", disse.

E acrescentou que mudanças nos juros estruturais também dependem de reformas fiscais "que coloquem em ordem as contas públicas e de medidas microeconômicas que melhorem o ambiente de negócios".

"Por isso temos insistido na necessidade das reformas. São elas que farão cair os juros estruturais", destacou. Os juros estruturais estão relacionados à estrutura e riscos da economia do país.

O presidente do BC também disse aos banqueiros que a política monetária não substitui as políticas do governo, mas complementa.

"O crescimento de um país depende de investimento e de aumento da produtividade, que são os elementos cruciais. A redução das incertezas de todas as naturezas, inclusive aquelas provenientes de eventos não econômicos [como a crise política], também é fundamental para a volta do crescimento."

Agenda do BC

Durante o discurso, Goldfajn anunciou uma agenda de trabalho do banco, chamada de BC+, com quatro pilares com potencial para contribuir para a recuperação econômica do país.

"O primeiro pilar é o da redução sustentável e perene do custo do crédito no Brasil. Nesse aspecto, as ações objetivam reduzir a inadimplência, diminuir o custo do crédito para o tomador final, promover a simplificação do compulsório, dentre outras", disse.

O segundo pilar, segundo o presidente do BC, é o aumento da eficiência do sistema financeiro. "Embora o nosso sistema seja notabilizado pela sua dinâmica, há espaços para aperfeiçoamentos visando tornar ainda mais eficiente a oferta de produtos e serviços financeiros a preços competitivos, com externalidades positivas para a eficiência da economia como um todo."

O quarto fundamento é o da cidadania financeira, com medidas que fomentem a educação financeira e fortaleçam a proteção legal e regulatória da população recentemente incluída no sistema.

O quarto e último pilar, segundo Goldfajn, é o do aprimoramento do arcabouço legal que rege as atividades e competências do Banco Central, inclusive sua a autonomia.

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