Economia

Prêmio para soja da nova safra sobe nos portos do Brasil

Prêmio oferecido para a soja no porto de Paranaguá com entrega em março é de 81 centavos de dólar por bushel sobre a cotação da bolsa de Chicago


	Soja: mercado tenta destravar as vendas antecipadas do produto
 (Diego Giudice/Bloomberg News)

Soja: mercado tenta destravar as vendas antecipadas do produto (Diego Giudice/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 13h52.

São Paulo - Os prêmios oferecidos por compradores internacionais nos portos brasileiros para a nova safra de soja do país subiram nas últimas semanas e estão acima dos patamares vistos um ano atrás, numa indicação de que o mercado tenta destravar as vendas antecipadas do produto.

O prêmio oferecido para a soja no porto de Paranaguá com entrega em março é de 81 centavos de dólar por bushel sobre a cotação da bolsa de Chicago, segundo dados do terminal Thomson Reuters Eikon.

Um mês atrás, o prêmio oferecido para março, período de forte fluxo de soja no porto, era de 63 centavos.

No início de outubro de 2013, o prêmio ofertado para a soja em março de 2014, era praticamente nulo, de apenas 8 centavos de dólar.

"Temos um volume bem menor de vendas antecipadas. Talvez o prêmio esteja positivo numa tentativa de atrair esse vendedor", disse o pesquisador Lucílio Alves, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que faz levantamentos de preços em toda a cadeia da soja.

As vendas antecipadas da safra 2014/15, que está começando a ser plantada e será colhida no primeiro semestre do ano que vem, estão em 13 por cento do volume previsto, contra 28 por cento um ano atrás, segundo estimativa mais recente divulgada pela consultoria Safras & Mercado.

Muitos produtores estão sentido na prática os efeitos da queda das cotações internacionais da soja, que acumulam perdas de cerca de 30 por cento na bolsa de Chicago desde janeiro e operam nos menores patamares em quase cinco anos.

"Com o preço que está sinalizando, o pessoal não está querendo vender", disse o agricultor Laércio Lenz, que também é presidente do Sindicato Rural de Sorriso (MT), o principal município produtor de soja do país.

"Fizemos a compra de insumos com recursos próprios, com a soja em alta", contou ele.

Lenz disse que recebeu esta semana oferta de duas empresas para fechar negócio para entregar soja em fevereiro a 40 reais por saca. Um ano atrás, o valor dos negócios estava acima de 50 reais. "É uma perda de mais de 20 por cento", disse.

Os custos de produção naquela região de Mato Grosso está entre 38 reais e 38,50 reais por saca, estimou Lenz.

Analistas explicam que os preços oferecidos aos produtores nas regiões de origem são geralmente fixados pelas tradings após o fechamento dos contratos de exportação. Os preços no porto, portanto, têm relação direta com os negócios no interior do país, após a conversão cambial e o desconto de custos, dentre os quais o frete é o mais relevante.

Baixo interesse de venda

"Todos com quem conversamos no mercado comentam a mesma coisa: não tem soja", disse a analista Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora. "Essa ausência de vendedores é um dos fatores que têm motivado essa valorização dos prêmios." Ela ressalta que as cotações mais baixas do bushel de soja em Chicago também criam mais espaço para que os compradores internacionais ofereçam prêmios superiores aos do ano passado.

Os preços da oleaginosa têm sido pressionados por uma ampla oferta global, em um momento em que os Estados Unidos estão começando a colheita de uma safra recorde e com as perspectivas de mais uma temporada com aumento de produção no Brasil.

No momento, o sentimento entre os produtores --bastante capitalizados após consecutivas safras realizando vendas a preços elevados-- é de aguardar uma eventual melhora dos preços.

O gerente da unidade de recebimento de grãos de uma grande trading em Nova Mutum (MT) disse que há pouco interesse por parte dos produtores em fechar negócios.

"O pessoal fala que 'se for para fazer um mau negócio, prefiro fazer na hora em que as contas vencerem'", contou o executivo, que pediu para não ter o nome revelado.

Para Lenz, os agricultores preferem aguardar o desenvolvimento da safra da América do Sul.

"Qualquer problema que dê em alguma região produtora, pode recuperar um pouco o preço... Vai depender muito de clima no Sul (do Brasil) e na Argentina", afirmou o produtor.

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