Economia

Prejudicado por Europa, comércio mundial cresceu apenas 2%

O índice de 2% em 2012 é meio ponto inferior à previsão anterior da OMC


	Cartaz da OMC em sua sede, na cidade de Genebra: a OMC previu que a expansão "seguirá sendo lenta" em 2013, em torno de 3,3%
 (AFP)

Cartaz da OMC em sua sede, na cidade de Genebra: a OMC previu que a expansão "seguirá sendo lenta" em 2013, em torno de 3,3% (AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 09h39.

Genebra - A desaceleração econômica da Europa diminuiu o ritmo de crescimento do comércio mundial em 2012, que ficou em 2% (contra 5,2% em 2011), segundo os dados apresentados nesta quarta-feira pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que previu que a expansão "seguirá sendo lenta" em 2013, em torno de 3,3%.

A OMC destacou em seu relatório a influência na economia global da "desaceleração econômica na Europa, que derivou na redução da demanda mundial de importações, "do lento crescimento das economias desenvolvidas" e "dos repetidos episódios de incerteza sobre o futuro do euro".

O índice de 2% é meio ponto inferior à previsão anterior da OMC (2,5% em setembro de 2012), desvio atribuído a resultados piores do que o previsto por parte das economias desenvolvidas no segundo semestre do ano passado.

Os países ricos registraram um aumento das exportações de 1% em 2012 e uma redução das importações de 0,1%.

Em 2012, o valor em dólares das exportações mundiais de mercadorias só aumentou 0,2% com relação ao ano anterior, até os US$ 18,3 trilhões, enquanto o valor das exportações mundiais de serviços comerciais aumentou 2%, até os US$ 4,3 trilhões, com taxas de crescimento muito díspares entre os países.


Por exemplo: as exportações de serviços comerciais dos Estados Unidos aumentaram 4%, enquanto as da Alemanha se reduziram 2% e as da França 7%. Já as importações registraram fortes quedas em vários países europeus, como Itália (-8%), França (-10%), Portugal (-16%) e Grécia (-18%).

A pouca produção e o elevado desemprego nos países desenvolvidos diminuíram as importações e o ritmo de crescimento das exportações nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, indicou a OMC, que assegurou que só uma melhora nas perspectivas dos EUA em 2013 compensaria parcialmente a fraqueza da União Europeia.

A previsão de crescimento do comércio de 3,3% em 2013 é inferior à média de 5,3% dos últimos 20 anos e está muito abaixo da tendência de 6% do período anterior à crise.

A OMC alerta que "persiste um risco considerável de deterioração da situação, centrado na crise do euro e no ritmo de contração fiscal das economias desenvolvidas", e considera que a disparidade de perspectivas econômicas entre os EUA e a UE "fazem ainda mas incertas as previsões" para o próximo ano.

Além disso, o crescimento da China deveria ser mais rápido do que de outras grandes economias, de acordo com a OMC, o que suavizaria as repercussões da desaceleração mundial.

No entanto, "as exportações seguirão limitadas pela pouca demanda na Europa", por isso "o ano de 2013 parece destinado a ser quase uma repetição de 2012, com lenta expansão do comércio e da produção".


"Os eventos de 2012 devem servir para lembrar que as deficiências estruturais das economias afetadas pela crise econômica não se remediaram totalmente, apesar dos importantes progressos realizados em alguns setores", disse o diretor-geral da OMC, o francês Pascal Lamy.

"A reparação destas fissuras deve ser a prioridade para 2013. As tentativas das economias desenvolvidas de estabelecer um equilíbrio entre o crescimento a curto prazo e as limitações fiscais cada vez mais rigorosas deram resultados desiguais até o momento", disse o economista.

Segundo o diretor-geral da OMC, "foi latente a dificuldade de conseguir uma combinação adequada de políticas" e "segue sem estar claro até que ponto as economias em desenvolvimento avançaram na redução de sua dependência da demanda externa".

Lamy alertou que "enquanto persistir a fraqueza econômica mundial as pressões protecionistas aumentarão e, com o tempo, poderiam chegar a ser arrasadoras".

"A ameaça do protecionismo talvez seja maior agora do que em qualquer outro momento", afirmou. 

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