Economia

Preços dos alimentos subiram 99,73% em 10 anos, diz IBGE

O IPCA registrou uma taxa de 69,34% de 2005 a 2014


	Mulher compra frutas em feira no Rio: os problemas climáticos e o aumento da demanda pressionam os preços de alimentos
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Mulher compra frutas em feira no Rio: os problemas climáticos e o aumento da demanda pressionam os preços de alimentos (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 12h46.

Rio - Os preços dos alimentos já subiram 99,73% nos últimos dez anos, muito acima da inflação oficial no período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma taxa de 69,34% de 2005 a 2014.

Os problemas climáticos e o aumento da demanda pressionam os preços de alimentos, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

"(Esse aumento) Vem sendo atribuído a problemas climáticos, às mudanças que vêm ocorrendo no clima e ao dólar, que sempre permeia a agricultura. A seca, tem prejudicado as lavouras não só no Brasil, mas no mundo todo. E também tem o aumento da demanda. Aqui no Brasil tem tido mais renda, mais emprego, e, consequentemente, mais procura por alimentos", justificou Eulina.

Nos últimos dez anos, os alimentos consumidos em casa subiram 86,59%. No entanto, a alta foi de 136,14% para os alimentos consumidos fora de casa.

"É renda, é o aumento do emprego, as mulheres trabalhando mais fora de casa, a maior dificuldade de ter empregada. As pessoas estão optando muitas vezes por comerem direto na rua", explicou Eulina.

"E tem também a questão dos custos desses estabelecimentos, que é o próprio aumento dos preços dos alimentos, aumento do aluguel, os salários aumentando além da inflação, com ganhos reais. São vários custos que fazem esse grupamento ter aumento", completou.

O item refeição fora aumentou 141,05% em dez anos, o empregado doméstico subiu 181,89%, e o aluguel aumentou 100,49%.

O IBGE calculou ainda a inflação de serviços no período, que alcançou 107,56% em dez anos, e a de monitorados, com taxa de 50,41%.

Estiagem em 2014

A estiagem prolongada que afetou sobretudo a região Sudeste do País em 2014 teve forte influência sobre a inflação oficial no ano, segundo IBGE.

O IPCA passou de 5,91% em 2013 para 6,41% em 2014 com impactos relevantes provenientes dos alimentos e da tarifa de energia elétrica. "A seca prejudicou tanto o abastecimento de energia quanto as lavouras", apontou Eulina.

As carnes, que têm as pastagens prejudicadas pela estiagem, subiram 22,21% em 2014, um impacto de 0,55 ponto porcentual para a inflação do ano.

A refeição fora de casa, cujo aumento foi de 9,96%, contribuiu com 0,50 ponto porcentual. E a tarifa de energia, com alta de 17,06%, acrescentou outros 0,46 ponto porcentual ao IPCA de 2014.

"A energia elétrica em 2015 deve ficar um pouco mais diferenciada, porque a característica do reajuste está mudando. Neste ano o reajuste vai estar distribuído. Esses reajustes que normalmente são feitos por contrato, eles levam em conta os custos das termelétricas. Agora ele vai ser mais imediato", lembrou Eulina, ressaltando que já em janeiro entra em vigor o sistema de bandeiras tarifárias.

O sistema repasse ao consumidor na conta do mês de referência o aumento do custo de geração pelo acionamento das térmicas. Em janeiro, a bandeira está vermelha, devido às dificuldades climáticas.

"Numa conta média, a cada 100kw, você acrescenta R$ 3,00 à conta. A gente tem um consumidor padrão. Vamos supor que é de 170kw, de consumo. Na bandeira vermelha, são R$ 3,00 a mais na conta, mais o proporcional pelos 70kw", explicou a coordenadora do IBGE.

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