Gasolina e diesel: aumento nos combustíveis terá impacto no IPCA (André Lessa/Exame)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 16 de agosto de 2023 às 06h01.
A Petrobras realiza nesta quarta-feira, 16, um aumento nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. O litro da gasolina passa de R$ 2,52 para R$ 2,93, alta de R$ 0,41 por litro. O diesel terá aumento de R$ 0,78 por litro e o preço médio de venda será de R$ 3,80 por litro.
Segundo analistas do setor e economistas, o aumento reduz a defasagem em relação ao mercado internacional -- sem zerá-la -- e também o risco de faltar combustível no Brasil.
Além do bolso do motorista, os reajustes da Petrobras também vão impactar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estimou na terça-feira, 15, que as altas nos valores dos combustíveis vão afetar o IPCA em 0,40 ponto percentual entre agosto e setembro. A previsão de Campos Neto acompanha a de analistas de gestoras e bancos.
Na índice de julho, a gasolina foi o subitem que mais subiu, com avanço de 4,79% e variação de 4,75% em relação a junho. Se o combustível fosse excluído do índice, a economia brasileira apresentaria uma deflação de 0,11%.
Apesar dos aumentos, a Petrobras afirma que, até hoje, a variação acumulada no preço da gasolina no ano é de redução de R$ 0,15 por litro e de R$ 0,69 por litro para o diesel. Esse é o primeiro aumento da gasolina após duas reduções em junho. Em 15 de junho, a redução foi de R$ 0,13. No dia 30, o valor caiu R$ 0,14.
Em nota, a companhia afirma que os aumentos dos preços acontecem após reduções decorrentes da mudança da política de preços. Porém, com a "consolidação dos preços de petróleo em outro patamar", o que deixou a companhia no limite da sua otimização operacional, foi necessário realizar reajustes, para manter o reequilíbrio dos preços da Petrobras em relação aos praticados pelo mercado e na melhora dos valores de margens da empresa.
A estatal reitera que na formação de seus preços busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio. Em maio deste ano, a Petrobras anunciou uma nova política de preços, sem dar mais detalhes sobre os parâmetros utilizados para definir os valores dos combustíveis.
Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,14 a cada litro vendido na bomba. Depois disso, o preço ao consumidor na bomba inclui ainda margens de lucro no restante da cadeia de produção e tributos locais, o que faz o valor final aumentar
Considerando a mistura obrigatória de 88% de diesel A e 12% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 3,34 a cada litro vendido na bomba. Depois disso, o preço ao consumidor na bomba inclui ainda margens de lucro no restante da cadeia de produção e tributos locais, o que faz o valor final aumentar
O aumento anunciado pela Petrobras passa a valer a partir de hoje nas refinarias da companhia, que vendem o combustível às distribuidoras.