Economia

Preço do boi gordo tem série mais longa de quedas semanais

Os preços do boi gordo tiveram a quinta semana seguida de perdas, algo que não acontecia desde 2013


	Boi: "a gente está sentindo efeitos da redução de renda do consumidor", diz especialista
 (Creative Commons)

Boi: "a gente está sentindo efeitos da redução de renda do consumidor", diz especialista (Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2015 às 21h24.

São Paulo - Os preços do boi gordo no mercado brasileiro tiveram a quinta semana consecutiva de perdas, algo que não ocorria desde maio de 2013, com as cotações pressionadas pela menor demanda do mercado consumidor de carne e por um ligeiro aumento sazonal da oferta.

O indicador Esalq/BM&FBovespa, que serve de referência para o mercado nacional, fechou a 146,48 reais/arroba nesta sexta-feira, queda de 0,45 por cento na semana e recuo de 2,8 por cento desde 20 de abril, quando atingiu o recorde de 150,65 reais por arroba.

Antes das cinco semanas de queda, o indicador acumulava uma sequência de sete semanas de alta, ao final da qual atingiu a máxima histórica em meados do mês passado.

"A gente está sentindo efeitos da redução de renda do consumidor. O mercado (de carne no) atacado vem registrando baixas há algumas semanas", explicou o diretor da consultoria Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz.

Segundo ele, o preço da carne de frango tem caído de maneira acentuada, o que leva muitos consumidores a mudar em parte os hábitos de consumo, preferindo a proteína mais barata.

Tradicionalmente, o mês de maio também é de baixa nos preços do boi gordo no centro-sul do país, com pecuaristas realizando vendas aos frigoríficos devido à deterioração dos pastos provocada pelo fim da temporada de chuvas de verão.

Esse movimento, definido por muitos como a "safra do boi gordo", é um dos fatores que ajudaram a pressionar as cotações nas últimas semanas, mas especialistas destacam que as vendas estão bem mais restritas este ano do que nos anteriores, limitando a queda de preços.

"Em muitas regiões não há situação crítica de pastagem seca. Isso permite que alguns pecuaristas segurem os animais", disse a analista de pecuária da Scot Consultoria Maísa Módulo. "Essa pressão de baixa não é tão forte. Em algumas praças há até uma alta (nos preços do boi gordo)." De maneira geral, o mercado brasileiro vive um aperto quase sem precedentes na oferta de boi gordo, com uma baixa produção de animais de reposição, o que limita a oferta.

O valor da arroba, apesar do recuo recente, está somente cerca de 4 reais abaixo do recorde de abril.

Entressafra

Para os próximos meses, habitualmente de entressafra, há uma tendência de alta apenas moderada dos preços do boi gordo, estimou a Informa FNP, após a máxima histórica do mês passado.

"Durante a entressafra, onde deveria ter uma redução forte de oferta da gado, talvez não haja uma redução tão grande. Em algum momento no futuro não muito distante, esse gado (retido momentaneamente no pasto) vai ter que ser oferecido no mercado", disse Ferraz.

O especialista projetou a alta nos próximos meses na faixa entre 3 a 5 por cento, ante elevações de 20 a 25 por cento em entressafras normais.

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