Colheitas de soja são transferia para carretas de caminhões na fazenda Delta em Correntina, Brasil (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 15h47.
São Paulo - Os preços dos fretes rodoviários dispararam nos últimos dias em importantes regiões agrícolas do país com o começo do escoamento da nova safra de soja, disseram especialistas nesta quarta-feira.
Levantamento da consultoria Informa Economics FNP registrou aumento de 53 por cento no período de menos de um mês no frete entre Cascavel (PR) e o porto de Paranaguá e de 27 por cento entre Rondonópolis (MT) e o porto de Santos (SP).
"Já se começa a sentir o efeito da procura por soja nas zonas portuárias brasileiras. Já tem uma programação de navios de 5 milhões de toneladas para a soja, 2 milhões para farelo", disse o analista da FNP, Aedson Pereira, em entrevista à Reuters.
A corretora Centrogrãos, de Cuiabá, que monitora os preços de fretes no país, estima atualmente o frete entre Sorriso --maior município produtor de soja de Mato Grosso-- e o porto de Santos em 288 reais por tonelada.
No entanto, os valores podem subir para até 320 reais por tonelada no pico da safra, alerta o diretor da corretora, João Birkhan.
"Agora tem que protocolar a chegada em Santos, é tudo complicado. O mesmo caminhão faz menos viagens por mês, mas o caminhoneiro continua com a mesma prestação de financiamento", disse ele.
Numa tentativa de evitar os congestionamentos e as confusões registrados no pico do escoamento da safra passada no porto de Santos, autoridades paulistas estão exigindo este ano um agendamento dos caminhões que forem descarregar nos terminais, num processo semelhante ao implantado uma década atrás em Paranaguá.
O Brasil começou a colheita de uma safra recorde de grãos. Só de soja, o país terá que movimentar para portos e indústrias este ano um volume 10 por cento maior, chegando perto de 90 milhões de toneladas.
A colheita em Mato Grosso e no Paraná --os dois maiores Estados produtores-- já atinge cerca de 10 por cento da área plantada, segundo órgãos de pesquisa locais.
"Vai aumentar o frete, porque com o avanço da colheita vai faltar caminhão", disse Julio Cesar Braz Martins, gerente de uma transportadora de Sapezal (MT).
Na avaliação de Pereira, da FNP, as empresas compradoras já incluíram os patamares mais altos dos fretes nas negociações antecipadas de soja.
"Não foi surpresa, porque já tinha havido um cenário muito complicado em 2013. Já estava tudo precificado", disse.
Na temporada passada, as tradings exportadoras de grãos no país amargaram prejuízo da ordem de 2,5 bilhões de dólares por terem sido pegas de surpresa por uma disparada nos preços de frete, após a entrada em vigor de uma legislação que restringiu os horários de trabalho dos caminhoneiros.
A precificação de um frete mais caro implica, em geral, no pagamento de um valor menor pelo produto ao agricultor.