Economia

Preço das passagens aéreas fica 12% mais caro em abril; veja o histórico

Após quedas desde o começo do ano, o preço da passagem de avião voltou a subir neste mês. Em 12 meses, valor ficou 51% mais caro, a maior alta entre todos os subitens do IBGE

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 26 de abril de 2023 às 15h45.

Última atualização em 26 de abril de 2023 às 17h07.

A inflação brasileira é a menor em mais de dois anos, mas essas baixas não chegaram a todos os itens. Após terem tido queda em fevereiro e março, as passagens aéreas voltaram a subir em abril, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Passagens aéreas: alta de 51% nos últimos 12 meses (Greg Bajor/Getty Images)

O IPCA-15 é a prévia da inflação oficial, que indica a variação dos preços até meados de cada mês.

As passagens aéreas subiram 11,96% no IPCA-15 de abril, medido entre a segunda quinzena de março e a primeira quinzena de abril. Antes disso, a inflação das passagens vinha em queda desde o começo do ano, após ter tido altas recordes em 2022 (veja no gráfico abaixo).

Com a alta de quase 12%, o preço das passagens subiu bastante acima da inflação no mês, que desacelerou e ficou em 0,57% no IPCA-15 de abril.

  • Ao todo, as passagens foram o terceiro subitem que mais subiu no IPCA-15 de abril;
  • No mês, a alta das passagens ficou somente atrás do morango, que teve a maior alta do mês (17,04%) e da manga (13,03%).

Em um ano, passagens aéreas ficam 51% mais caras

Apesar das quedas vistas em janeiro, fevereiro e março, as passagens aéreas estão hoje 51% mais caras do que eram em abril do ano passado.

No acumulado em 12 meses, as passagens aéreas também tiveram a maior alta dentre todos os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para composição do IPCA.

A variação das passagens no período ficou acima da inflação geral, que está em 4,16% no acumulado em 12 meses (veja no gráfico abaixo).

Por que as passagens aéreas ficaram mais caras

Após momentos de baixa na pandemia, o preço das passagens teve picos recentes com a vacinação e a reabertura dos países pelo mundo, além do retorno de viagens corporativas e custos de operação em alta.

Os preços de 2022, em especial, foram ainda afetados pela alta no preço dos combustíveis, que disparou no mundo em meio à guerra na Ucrânia. Parte desse aumento segue influenciando os preços das passagens, hoje em patamares muito superiores aos da pandemia.

No Brasil, ao longo de 2022, o preço do querosene de aviação teve alta de 49,6%, segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). Além do cenário internacional, fatores como o câmbio e efeitos sazonais também costumam impactar o preço das passagens localmente.

Belo Horizonte é a capital com maior alta nas passagens

Dentre as capitais pesquisadas individualmente pelo IBGE, a cidade de Belo Horizonte (MG) teve a maior alta nas passagens aéreas no IPCA-15 de abril, com alta de mais de 27% na comparação com o índice de março.

A menor alta foi em São Paulo, onde as passagens subiram pouco mais de 6%.

Variação no preço das passagens aéreas nas capitais, segundo o IPCA-15 de abril:

  • Belo Horizonte 27,18%
  • Porto Alegre 20,25%
  • Salvador 18,85%
  • Goiânia 17,64%
  • Distrito Federal 13,72%
  • Belo Horizonte 12,56%
  • Fortaleza 11,97%
  • Recife 10,62%
  • Rio de Janeiro 9,78%
  • Curitiba 8,90%
  • São Paulo 6,35%.

O que é IPCA-15 e como é medida a inflação

O IPCA-15 diz respeito ao período entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual, e é considerado uma prévia do IPCA final, que abrange o mês completo e é divulgado no mês seguinte.

Para o IPCA-15 deste mês, os preços foram coletados no período de 16 de março e 13 de abril de 2023 e comparados com os preços vigentes de 11 de fevereiro a 15 de março. (Já o IPCA fechado de abril, com a variação no mês completo, será divulgado somente em maio.)

O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consome. O IPCA, assim, tenta apontar "a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos", segundo o IBGE.

O índice é dividido em nove grupos. Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público ou a gasolina, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menor frequência.

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