Economia

Pré-sal arrecada 1/5 do que Temer gastou para escapar de denúncia

Valor arrecadado no leilão só é suficiente para cobrir 5,7% do rombo do governo neste ano

Presidente Michel Temer em 27/09/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Michel Temer em 27/09/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 28 de outubro de 2017 às 11h47.

São Paulo - O governo federal arrecadou ontem 6,15 bilhões de reais com o leilão de áreas do pré-sal. O valor equivale a 19% dos 32 bilhões de reais que o presidente Michel Temer distribuiu entre medidas e concessões a parlamentares nas negociações para se livrar da investigação por corrupção na Câmara dos Deputados.

O valor arrecadado com o leilão ficou abaixo do previsto, já que o governo esperava obter 7,75 bilhões de reais.

Mas, é bom ressaltar, esse valor se refere só aos bônus de outorga, que as empresas vão pagar de uma vez para terem o direito de explorar os campos.

O critério do leilão não era exatamente os bônus de outorga: as empresas que venceram o certame foram as que ofereceram ao governo a maior parcela do que poderia lucrar.

O consórcio da Petrobras, Repsol e Shell, que arrematou a área de Sapinhoá, por exemplo, ofereceu pagar 80% do óleo excedente (ou seja, 80% de seu possível lucro) para o governo. O lance mínimo era de 10,34%.

No entanto, esse pagamento só entra nos cofres do governo depois que as empresas começarem a extrair petróleo com lucro, no longo prazo. Neste ano, o único pagamento previsto é o dos bônus de outorga (as empresas têm até o final de 2017 para pagar o que foi oferecido).

A arrecadação do leilão, portanto, não faz nem cócegas no rombo do orçamento federal. Só neste ano, as contas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) estão negativas em 108 bilhões de reais, o pior resultado desde 1997. O leilão do pré-sal é suficiente para cobrir só 5,7% deste valor.

 

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