Economia

Pragas agrícolas preocupam brasileiros em véspera de plantio

Brasileiros estão apreensivos com a ausência de autorização para defensivos que possam ajudar a combater lagartas e fungos

Avião espalha pesticida: apesar de autorizada a entrada no país, nunca houve regulamentação para o uso dos produtos nas lavouras (Getty Images)

Avião espalha pesticida: apesar de autorizada a entrada no país, nunca houve regulamentação para o uso dos produtos nas lavouras (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2013 às 10h16.

São Paulo - Às vésperas do início do plantio oficial da soja nas principais áreas de cultivo, agricultores brasileiros estão apreensivos com a ausência de autorização para defensivos que possam ajudar a combater lagartas e fungos que causaram prejuízos bilionários na safra passada, disse o presidente da associação nacional de produtores.

"Algumas coisas foram graves no ano passado e podem se agravar neste ano. É o caso da lagarta helicoverpa, que está muito agressiva, e a ferrugem", disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira.

A ferrugem asiática é um fungo que ataca as folhas do pé de soja, reduzindo a produtividade da planta. Segundo Silveira, na última safra a perda com a doença ficou em 1,5 a 2 sacas por hectare no país, causando perdas de 2,5 bilhões de reais em receita.

Já a helicoverpa é uma lagarta que até recentemente estava restrita às lavouras de algodão, mas atacou com força plantações de soja na safra 2012/13, causando grandes prejuízos em todo o país, principalmente no oeste da Bahia.

Em março e abril, já no fim da safra, as autoridades federais autorizaram emergencialmente a importação de tipos adicionais de inseticidas para combater a lagarta. O problema, segundo Silveira, é que apesar de autorizada a entrada no país, nunca houve regulamentação para o uso dos produtos nas lavouras.

"A importação foi autorizada, mas não foi autorizado o uso. Não adiantou muito", reclamou.

O assunto foi discutido em uma reunião na quarta-feira, na Casa Civil, em Brasília.

O presidente da Aprosoja Brasil ouviu da ministra Gleisi Hoffmann o comprometimento de que o assunto é prioridade para o governo, e deverá ser resolvido.


Mesmo assim, a questão ainda causa preocupação.

"Pelo menos em janeiro, tem que ter o produto. Vai ser muito apertado", disse o executivo, que também pediu agilidade na liberação de novas moléculas de fungicidas para combater com maior eficácia a ferrugem asiática.

O Ministério da Agricultura --responsável por coordenar a entrada de novos agroquímicos no país-- disse, por meio da assessoria de imprensa, que não tem ainda definições sobre os assuntos discutidos na reunião de quarta-feira.

O plantio de soja começa oficialmente no dia 15 de setembro em Mato Grosso e Paraná --os dois principais Estados produtores-- quando terminar o período de vazio sanitário, durante o qual não pode haver nenhuma soja plantada, com o objetivo de evitar a perpetuação das infestações com fungos da ferrugem.

O Brasil deverá plantar mais de 29 milhões de hectares, com colheita esperada perto de 88 milhões de toneladas de soja, segundo consultorias.

Comercialização

A comercialização antecipada da safra 2013/14 está lenta, com o mercado esperando definições sobre o câmbio e as cotações internacionais da soja, avaliou Silveira.


"As tradings demoraram para entrar no mercado e não estão nada agressivas. Está todo mundo 'atrás do toco', olhando." Em meados de agosto o Imea, órgão de pesquisa ligado aos produtores rurais de Mato Grosso, estimou que a comercialização antecipada no Estado estava em 31,2 por cento do volume total previsto para a temporada, contra 58,6 por cento no mesmo período do ano anterior, quando estavam aceleradas em função dos altos preços da commodity.

Uma das razões da cautela, segundo o presidente a Aprosoja, é a indefinição sobre o câmbio, já que quanto mais fraco o real frente o dólar, mais lucrativo torna-se o negócio.

Desde o início maio, o dólar subiu cerca de 18 por cento frente o real.

Em Mato Grosso, por exemplo, cerca de 90 por cento dos negócios são fechados com relação direta do dólar. Muitos produtores têm apostado que o câmbio, nas próximas semanas, pode se tornar ainda mais favorável.

Isso está obrigando os produtores a ficarem muito atentos a todos os indicadores econômicos. "É muita matemática!", disse ele.

Na avaliação de Silveira, ao longo de setembro, quando houver picos nas cotações internacionais, muitos produtores deverão travar as vendas.

Um dos fatores que ainda pode ajudar a elevar os preços na bolsa de Chicago é a influência do clima para a produtividade das lavouras norte-americanas.

"Estamos acompanhando ainda a safra americana, para ver como reage. Acredito que a safra americana é menor do que se supõe. O relatório do USDA vai ser corrigido (para baixo, em termos de produtividades)", disse Silveira.

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