Economia

Poupança tem maior retirada líquida em março em quatro anos

A retirada líquida é a maior registrada para meses de março desde 2017, quando os investidores tinham sacado R$ 5 bilhões a mais do que tinham depositado

Poupança: a expectativa é que a poupança passe a registrar captações líquidas a partir de abril, com o retorno do auxílio emergencial (Artisteer/Getty Images)

Poupança: a expectativa é que a poupança passe a registrar captações líquidas a partir de abril, com o retorno do auxílio emergencial (Artisteer/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 7 de abril de 2021 às 16h16.

Última atualização em 9 de abril de 2021 às 08h21.

Pelo terceiro mês seguido, a aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros registrou retirada líquida de recursos. Em março, os investidores retiraram 5,83 bilhões de reais a mais do que depositaram na caderneta de poupança, informou hoje, 7, o Banco Central (BC).

A retirada líquida é a maior registrada para meses de março desde 2017, quando os investidores tinham sacado 5 bilhões de reais a mais do que tinham depositado. Em março do ano passado, os brasileiros tinham depositado 12,57 bilhões a mais do que tinham retirado da caderneta.

Com o desempenho de março, a poupança acumula retirada líquida de 27,54 bilhões de reais nos três primeiros meses do ano. Essa é a maior retirada acumulada para o primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 1995.

Neste ano, o fim do auxílio emergencial intensificou a retirada. Ao longo de oito meses em 2020, a Caixa Econômica Federal depositou o benefício em contas poupança digitais, que acumulavam rendimentos se não movimentados. Com o fim do programa, beneficiários que eventualmente conseguiram acumular recursos nas contas poupança passaram a sacar o dinheiro.

A expectativa é que a poupança passe a registrar captações líquidas a partir de abril, com o retorno do auxílio emergencial. A primeira parcela do benefício, no valor de 150 a 375 reais, está sendo paga ao longo deste mês.

No ano passado, a poupança tinha captado 166,31 bilhões de reais em recursos, o maior valor anual da série histórica. Além do depósito do auxílio emergencial nas contas poupança digitais, a instabilidade no mercado de títulos públicos nas fases mais agudas da pandemia de covid-19 atraiu o interesse na poupança, mesmo com a aplicação rendendo menos que a inflação.

Rendimento

Com rendimento de 70% da taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança rendeu apenas 1,69% nos 12 meses terminados em março, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação, atingiu 5,52%. O IPCA cheio de março será divulgado na próxima sexta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A perda de rendimento da poupança está atrelada a dois fatores. O primeiro são os juros baixos. Atualmente a taxa Selic (juros básicos da economia) está em 2,75% ao ano, depois de passar oito meses em 2% ao ano, no menor nível da história. O segundo foi a alta nos preços dos alimentos e do dólar, que impacta a inflação desde o segundo semestre do ano passado.

Para este ano, o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 4,81% pelo IPCA. Com a atual fórmula, a poupança renderia pouco menos de 2% neste ano, caso a Selic permaneça em 2,75% durante todo o ano. O rendimento pode ser um pouco maior caso o Banco Central aumente a taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEXAME-no-InstagramPoupança

Mais de Economia

MP do crédito consignado para trabalhadores do setor privado será editada após o carnaval

Com sinais de avanço no impasse sobre as emendas, Congresso prevê votar orçamento até 17 de março

Ministro do Trabalho diz que Brasil abriu mais de 100 mil vagas de emprego em janeiro

É 'irrefutável' que vamos precisar de várias reformas da previdência ao longo do tempo, diz Ceron