Economia

Poupadores alemães se perguntam onde investir € 1,95 trilhão

Poupadores alemães enfrentam um dilema: onde colocar seus 1,95 trilhão de euros em dinheiro e depósitos enquanto o BCE prepara ações para obter mais estímulo?


	Símbolo do euro: os poupadores alemães já estão entre os mais atingidos pelos juros mais baixos da história do BCE
 (Jock Fistick/Bloomberg)

Símbolo do euro: os poupadores alemães já estão entre os mais atingidos pelos juros mais baixos da história do BCE (Jock Fistick/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 18h38.

Frankfurt - Os poupadores alemães enfrentam um dilema difícil que vai ficar ainda pior: onde colocar 1,95 trilhão de euros (2,3 trilhões de dólares) em dinheiro e depósitos enquanto o Banco Central Europeu prepara suas ferramentas para obter mais estímulo.

O pensionista Alois Weber decidiu deixar seu dinheiro em casa. “É melhor prevenir do que remediar”, falou o morador de Schwaebisch Gmuend, de 69 anos. "Temos nosso dinheiro na poupança. Não sei quanto de juros estão pagando exatamente, mas é quase nada”.

Os poupadores alemães, que foram responsáveis por 17 por cento dos 11,1 trilhões de euros dos depósitos da região em outras instituições que não são bancos em novembro, já estão entre os mais atingidos pelos juros mais baixos da história do BCE.

Juros mais altos parecem uma perspectiva distante com o presidente do BCE, Mario Draghi, pensando em dar passos mais radicais como a compra de bônus do governo para reviver a economia.

Depois que no ano passado se tornou o primeiro banco central a cobrar das instituições para guardar o dinheiro delas, o BCE vai considerar compras de dívidas soberanas neste mês, o que seria uma aposta de que o fluxo de liquidez vai ajudar a reviver a inflação e o crescimento econômico.

O outro lado é que as ações do Banco Central vão deprimir para quase zero os rendimentos dos depósitos bancários e os investimentos de baixo risco.

"Não será um ano fácil para os poupadores", disse Michael Seufert, analista do Norddeutsche Landesbank. "Os alemães já são tão conservadores que é difícil imaginar que possam ficar ainda mais. A tendência terá que ser correr algum risco."

Cobranças bancárias

Os poupadores alemães com 10.000 euros em depósitos de três meses podem receber juros de 0,5 por cento, de acordo com a média de 104 ofertas compiladas por Tagesgeldvergleich.net. Os juros, que incluem ofertas introdutórias, vão de 0,01 por cento a 1,3 por cento.

Enquanto o Deutsche Bank AG e o Commerzbank AG, os maiores credores da Alemanha, não estão cobrando os clientes pelos depósitos, outros bancos começaram a fazer isso. As poupanças do país, que possuíam a maior parte dos depósitos alemães no final de 2013 com 38 por cento, não vão cobrar os clientes pelos depósitos, de acordo com Georg Fahrenschon, presidente da associação de poupanças.

"Direção errada"

"Se você está indo na direção errada, melhor não acelerar", ele falou. "O BCE está realmente no final da estrada".

As taxas de juros mais baixas da história não conseguem reviver, por si só, a economia e são prejudiciais para grandes setores da população, afirmou Hans-Bernd Wolberg, o presidente da cooperativa de empréstimos WGZ-Bank AG, em uma entrevista com Boersen-Zeitung na semana passada. Os consumidores vão acabar sentindo os efeitos dos juros negativos do BCE sobre os bancos, ele falou.

Draghi, que raramente dá entrevistas, disse em um artigo publicado no jornal alemão Handelsblatt na semana passada que ele não pode excluir o risco de deflação ou uma espiral de declínio de preços e salários que farão com que as famílias adiem os gastos.

Cautela com a inflação

O vice-presidente do BCE, Vitor Constancio e o economista central Peter Praet também deram entrevistas à mídia alemã nas últimas semanas citando o risco de que, sem outras atitudes, a economia poderia deteriorar.

Dinheiro e depósitos que as famílias guardaram no segundo trimestre foram responsáveis por 39 por cento do total de bens monetários delas, diminuindo os 503 bilhões de euros de bônus e 421 bilhões de euros de fundos mútuos, de acordo com dados do Bundesbank.

Aversão a riscos

Apesar de que os alemães estão cada vez mais infelizes com seus investimetnos, a maioria ainda não está pronta para correr riscos a fim de conseguir melhores retornos, de acordo com a associação BdB de bancos alemães, que representa os credores comerciais.

A percentagem de alemães que não estão dispostos a investir em ativos mais arriscados subiu para 67 por cento no último mês, de 63 por cento no final de 2013, de acordo com uma pesquisa com 946 pessoas feita pela Gfk SE para o BdB no mês passado. Não foi divulgada nenhuma margem de erro.

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