Economia

Porto Rico debate lei para multar pais de crianças obesas

Plano pode multar em até 800 dólares pais que não conseguirem reduzir obesidade nos filhos; impostos já são utilizados contra a obesidade em vários países


	Criança obesa mexendo no telefone
 (Getty Images)

Criança obesa mexendo no telefone (Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 17h44.

São Paulo - O Senado de Porto Rico começa a discutir publicamente amanhã uma lei para enfrentar o problema da obesidade de forma polêmica.

As crianças acima do peso seriam identificadas nas escolas e seus pais seriam encaminhados para discussão com oficiais de saúde pública. Juntos, eles analisariam as causas do problema e formulariam um plano personalizado para enfrentá-lo. 

Encontros mensais e um check up seis meses depois avaliariam o progresso. Quem ignorasse as instruções ou não apresentasse progresso seria encaminhado para serviços sociais em um processo que poderia culminar em multas de até 800 dólares.

A ilha, um território autônomo dos Estados Unidos, tem uma taxa de obesidade de 30% entre as crianças, acima dos 18% no país como um todo. Mas enquanto todos concordam que esse é um problema, esta forma de combatê-lo está longe de ser consensual.

Os críticos dizem que a lei representa uma intromissão indevida na esfera privada das famílias e outros citam que fatores genéticos ou médicos tendem a ser negligenciados neste formato.

Experiência internacional

Porto Rico não está sozinho na sua tentativa de enfrentar a obesidade apelando para taxas e impostos, mas outros países e cidades tem preferido estratégias diferentes.

O México, país mais obeso do planeta e líder em consumo de refrigerante per capita, passou em 2013 um imposto sobre bebidas açucaradas e fast food. O resultado foi uma queda considerável deste tipo de consumo (e grandes perdas para as empresas do setor)

Noruega, França e Finlândia já tem taxação extra sobre bebidas com açúcar. Na Dinamarca, aumentar o peso dos impostos sobre comidas e bebidas com muita gordura não deu certo: as pessoas simplesmente atravessavam a fronteira para fazer compras em outro lugar.

Nos Estados Unidos, muitas cidades e estados tentaram (e fracassaram) na criação de impostos do tipo nos últimos anos, incluindo São Francisco recentemente.

O bilionário Michael Bloomberg, um obstinado por saúde pública, tentou banir refrigerantes gigantes quando era prefeito de Nova York e foi obrigado a recuar. 

Mas a maré pode estar virando mesmo entre os americanos: em novembro, a cidade californiana de Berkeley se tornou a primeira do país a aprovar um imposto sobre refrigerante (cerca de US$ 0,12 por latinha).

Estudos na Inglaterra e mesmo no Brasil sugerem que o aumento de impostos pode ser um grande aliado na luta contra a obesidade, um problema sério de saúde pública tanto em países desenvolvidos quanto em emergentes.

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