Economia

Por que os Estados Unidos deveriam se fundir com o Canadá

Livro defende que uma fusão entre os dois países é a melhor estratégia para crescer a economia e garantir controle sobre os recursos da região

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 09h52.

São Paulo – Alguns anos atrás, uma enquete foi feita com os americanos para saber qual era a maior cantora viva do país e Celine Dión foi a mais votada. Só tem um problema: ela é canadense.

A anedota prova que os dois países são tão integrados que muitas vezes é difícil saber onde fica a fronteira.

"Merger of The Century" ("A Fusão do Século"), um livro da jornalista canadense Diane Francis publicado no final do ano passado, defende que os dois países devem é eliminar a fronteira de uma vez por todas.

A “fusão do século” daria origem a uma nova nação com mais território que a América do Sul, PIB maior que o do Japão, China, Alemanha e França combinados e mais petróleo e água do que qualquer outro país.

Argumentos

Os EUA tem um aparato militar insuperável e uma forte cultura de risco e empreendedorismo, duas carências do vizinho de cima, que tem por sua vez um setor financeiro bem regulado e um excelente sistema de saúde – justamente dois calcanhares de aquiles dos americanos.

E mais: os canadenses estão sentados sobre uma enorme quantidade de recursos naturais que não são explorados porque o país é como “um fundo gigantesco administrado por burocratas com aversão ao risco e que não geram receitas, só perdas”, segundo Diane.

89% da terra canadense pertence ao governo. Nos Estados Unidos, a taxa é de 40%. Colocar estes recursos em movimento daria ao novo país a independência energética e uma fonte importante de exportações.

A demografia também ajuda: enquanto o Canadá envelhece rapidamente, os EUA permanecem com uma quantidade saudável de jovens.


Estratégia

A fusão também seria um gol estratégico. De acordo com Diane, Rússia e China estão lentamente comprando participações em empresas canadenses e aumentando sua influência sobre os recursos naturais do Ártico - que não é legalmente de ninguém e deve ficar cada vez mais importante.

Em 2012, a China adquiriu uma companhia de petróleo canadense por US$ 15 bilhões, apesar de muita oposição. Foi a maior aquisição internacional já feita pelos chineses.

O novo país teria mais força para se defender destas ofensivas e exercer controle na região.

História

Apesar de ter sido mencionada em privado por primeiros-ministros canadenses em 1919 e depois da Segunda Guerra Mundial, a ideia da fusão nunca foi formalmente levantada, apesar de ser uma possibilidade concreta: a Constituição americana permite a incorporação de novos territórios com a aprovação do Congresso.

Diane cita como exemplo a reunificação da Alemanha depois da queda do muro de Berlim e desenha um modelo de fusão inspirado no mundo corporativo.

Considerando que o Canadá teria só 10% da população do novo país mas faria uma contribuição desproporcional de território e recursos, ela propõe que cada canadense tenha direito a quase meio milhão de dólares em compensações com a finalização do acordo.


Realidade

Uma pesquisa de 2010 mostrou que 48% dos americanos apoiam uma fusão, contra 20% dos canadenses, que tem 40% de neutros ou indecisos.

A fusão não seria uma boa notícia para o Partido Republicano americano, que teria dificuldade de sobreviver em um eleitorado com a influência canadense, mais simpática a um estado generoso e socialmente liberal.

Riscos existem, mas Diane acredita que “o maior erro de concepção sobre manter o status quo é a crença de que o status quo pode ser mantido”.

Para ela, uma mera unificação de moedas já seria uma mão na roda para o comércio (os americanos compram 75% das exportações canadenses).

“Se eu acredito que uma fusão vai acontecer? Eu honestamente não sei. Mas deveria.”, decreta.

Acompanhe tudo sobre:ComércioPaíses ricosEstados Unidos (EUA)CanadáLivrosComércio exterior

Mais de Economia

Alckmin celebra corte de tarifas dos EUA, mas cobra fim da sobretaxa

Haddad cobra votação de projeto que pune devedor contumaz na Câmara

PIB cresce em todos os estados em 2023; Acre, MS e MT lideram avanço

Número dos que procuram emprego há 2 anos cai 17,8% em 2025, diz IBGE