Economia

Por que os brancos são muito mais ricos que os negros nos EUA

A diferença salarial de negros e brancos nos mesmos cargos não é tão grande, mas entre os níveis de riqueza há um abismo

Riqueza: novo estudo derruba por terra todas as hipóteses que explicavam a diferença racial nos EUA

Riqueza: novo estudo derruba por terra todas as hipóteses que explicavam a diferença racial nos EUA

DR

Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 11h49.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2017 às 13h16.

A diferença salarial entre negros e brancos nos EUA é grande, mas não chega nem perto da diferença de riqueza.

Segundo a Pesquisa de Finanças do Consumidor do Federal Reserve, em 2013 a mediana das famílias brancas tinha US$ 13 em riqueza líquida para cada US$ 1 em riqueza líquida da mediana das famílias negras.

Na comparação entre brancos e latinos, a diferença era apenas um pouco menor, de US$ 10 para US$ 1.

Um novo estudo derruba a maioria das explicações -- e soluções -- convencionais para a diferença de riqueza.

O título é “The Asset Value of Whiteness: Understanding the Racial Wealth Gap” (O valor efetivo de ser branco: compreensão da diferença de riqueza entre raças).

Ele foi preparado por pesquisadores da Universidade Brandeis e por um grupo de políticas públicas chamado Demos.

O índice diz tudo: “Frequentar a universidade, criar filhos em uma família biparental, trabalhar em período integral e gastar menos não diminuem a diferença de riqueza entre raças”.

“Em certos aspectos, esse relatório derruba mitos. Ele analisa e questiona suposições populares”, disse Amy Traub, diretora associada de pesquisa de políticas da Demos e coautora do estudo, em entrevista.

Consideremos os estudos universitários. Cursar uma faculdade ajuda os afroamericanos a ganhar mais dinheiro e acumular mais riqueza, claro.

Contudo, a mediana dos adultos brancos que cursaram faculdade tem 7,2 vezes a riqueza da mediana dos adultos negros que foram à universidade, segundo o estudo.

O mesmo vale para trabalhar em período integral e criar filhos em uma família biparental: os brancos que fazem essas coisas têm uma riqueza maior que a dos negros que fazem essas coisas.

É natural presumir que os negros têm uma riqueza menor porque economizam menos -- ou seja, uma maior parcela de cada dólar vai para o consumo.

Mas ocorre o contrário, segundo um estudo da Universidade Duke publicado no ano passado e citado pelos autores.

Em todos os níveis de renda, os negros gastam menos que os brancos em situação similar, concluíram os pesquisadores da Duke: “a desertificação do varejo nos bairros racialmente segregados, o acesso restrito a créditos acessíveis para negros e a discriminação racial do consumidor, argumentamos, resultam em um gasto global menor dos negros em todos os níveis de renda”, disseram.

Para algumas pessoas, o relatório é deprimente. “A conclusão é que, para os negros, matar-se de trabalhar e fazer todas as coisas certas não as levará a lugar algum”, escreveu a editora sênior da Fortune, Ellen McGirt, em comentário publicado no site fortune.com.

Mas então como se explica a diferença racial de riqueza? Traub admite que “o mistério não foi totalmente desvendado”.

Aparentemente, um fator poderoso é que os brancos têm uma probabilidade cinco vezes maior que a dos negros de receber presentes e heranças substanciais, e as somas que recebem tendem a ser muito maiores.

O dinheiro “pode ser usado para iniciar uma acumulação de riqueza posterior, por exemplo, ao possibilitar que as famílias brancas comprem residências e comecem a adquirir ativos mais cedo em suas vidas”, aponta o estudo.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)NegrosRiqueza

Mais de Economia

MP do crédito consignado para trabalhadores do setor privado será editada após o carnaval

Com sinais de avanço no impasse sobre as emendas, Congresso prevê votar orçamento até 17 de março

Ministro do Trabalho diz que Brasil abriu mais de 100 mil vagas de emprego em janeiro

É 'irrefutável' que vamos precisar de várias reformas da previdência ao longo do tempo, diz Ceron