Economia

Por que o brasileiro está trocando vinho por cerveja premium

Em 2011, um litro de vinho era consumido no país para cada 2,7 litros de cerveja premium. Em 2016, a proporção passou de um para quatro, segundo Euromonitor

Vinho ou cerveja: qual é a sua bebida preferida? (Eduardo Costa/Saúde)

Vinho ou cerveja: qual é a sua bebida preferida? (Eduardo Costa/Saúde)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 19 de julho de 2017 às 13h21.

Última atualização em 19 de julho de 2017 às 13h42.

São Paulo - O que você prefere: uma caneca de cerveja de primeira linha ou uma taça de vinho?

O brasileiro está cada vez mais se inclinando para a primeira opção, de acordo com uma pesquisa de bebidas alcoólicas da consultoria Euromonitor International.

"No mundo, o consumo histórico da cerveja premium e do vinho foi sempre muito similar. No Brasil, a situação é bem diferente. A cerveja premium vem ganhando cada vez mais espaço entre os consumidores brasileiros e vem, aos poucos, substituindo o vinho", diz um post recente no seu blog oficial.

Em 2011, um litro de vinho era consumido no país para cada 2,7 litros de cerveja premium. Em 2016, essa proporção passou de um litro de vinho para quatro litros de cerveja premium.

Foi um aumento de 49% em cinco anos, algo ligado a uma crise econômica que fez disparar o desemprego e afundou o PIB per capita em quase 10%.

"A população vem buscando uma alternativa com a mesma qualidade que possa ser consumida numa ocasião similar, porém com o custo mais acessível", diz a Euromonitor.

Afinal, o preço por litro de uma premium lager no varejo flutua por volta de 12 reais e o de uma cerveja escura premium não passa dos 23 reais, enquanto o preço médio do litro de um vinho chega aos 32 reais.

Tendências de consumo

E há outras dinâmicas atuando. Um levantamento recente no Brasil da consultoria global Kantar Worldpanel mostra que a crise não causa uma simples corte do "supérfluo" para focar no "essencial".

O consumidor que teve acesso a outras categorias no boom não quer abrir mão, e para isso precisa racionalizar e fazer escolhas inteligentes.

Quem já está cortando o restaurante pode se dar ao luxo de comprar um produto melhor para cozinhar no final de semana, por exemplo. No setor alimentício, isso alimenta o crescimento nos extremos das categorias.

No caso das cervejas, isso se soma com uma tendência mundial de "beber menos, mas beber melhor" e uma disposição do consumidor brasileiro em experimentar, segundo a Euromonitor.

No volume total de cerveja, a participação do segmento premium no país subiu de 7% em 2007 para 11% em 2016.

A projeção é que as cervejas premium devem crescer 16% por aqui até 2021, adicionando 1,6 bilhões de litros no mercado de alcoólicos – quatro vezes mais do que o vinho adicionará no mesmo período.

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