Economia

Por que o Brasil surfou na onda das commodities?

Entenda porque as commodities são tão importantes para países em desenvolvimento


	Plantação de milho em Goiás: commodities são responsáveis por 65% do valor total das nossas exportações
 (Cristiano Mariz/EXAME)

Plantação de milho em Goiás: commodities são responsáveis por 65% do valor total das nossas exportações (Cristiano Mariz/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2015 às 16h28.

São Paulo - Frequentemente ouvimos falar sobre preços de commodities e seu impacto sobre a economia brasileira. Vira e mexe, dizem por aí que o crescimento do PIB do Brasil (quando o Brasil ainda crescia) era motivado por elas. Mas todo mundo sabe o que são exatamente essas tais commodities?

Elas são mercadorias primárias ou com pequeno grau de industrialização, comercializadas entre países de todo o mundo. Estão entre elas as matérias-primas de outros produtos que serão fabricados, alimentos, minerais, petróleo e por aí vai.

Commodities são um componente muito importante na pauta de exportações brasileira. Para se ter ideia, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) aponta para as commodities como responsáveis por nada menos que 65% do valor total de nossas exportações. Os produtos nacionais mais comercializados são soja, minério de ferro, petróleo e carne.

Mas essa importância das commodities não se restringe ao Brasil. Elas são fundamentais para países em desenvolvimento de um modo geral, sobretudo para os mais pobres. Entre as nações de renda per capita muito baixa as commodities são responsáveis, na média, por mais de 80% das exportações. É um número nada desprezível.

Commodities são produtos muito homogêneos. E seus preços são influenciados fortemente pelas condições do mercado global. Esses preços internacionais afetam decisivamente a economia dos países exportadores desses produtos.

O caso do Brasil dá uma ideia clara disso. Mas, para falarmos daqui, precisamos fazer rápida viagem para a China.

Na década de 2000, a economia chinesa cresceu muito rapidamente. Por causa de seu peso IMENSO no comércio internacional, o país deu um baita empurrão na demanda por commodities de várias economias. O crescimento da indústria e da infraestrutura chinesas consumiu muita matéria-prima, como minério de ferro e petróleo. A renda per capita no país também avançou e impulsionou o consumo entre seus habitantes. Combustíveis (mais gente com carro) e alimentos, com destaque para as carnes, são os principais exemplos disso.

Como a China é muito grande, o aumento de seu consumo de commodities afetou preços do mundo todo. Esses produtos se tornaram mais escassos e seus preços, consequentemente, foram puxados para cima de maneira significativa.

O resultado disso? Muito mais dinheiro entrando nos países exportadores dessas commodities, seja pela quantidade exportada seja pelo preço em alta. Não é por acaso que observamos um crescimento rápido (embora distante da magnitude vista na China) nos países emergentes nesse período.

E é por isso, portanto, que o Brasil, em particular, teve seu crescimento econômico nos anos 2000, em boa parte, estimulado pela venda de commodities e, de modo mais incisivo, pela China.

Nesta década, no entanto, a China está em desaceleração e as coisas ficaram mais difíceis. Por um lado, a lentidão da atividade da economia nacional nos últimos anos não pode ser atribuída à Pequim. Mas, por outro lado, a diminuição do ímpeto chinês por consumir commodities também não pode ser ignorada, tanto hoje quanto nos anos que estão por vir.

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