Economia

Por que a Nigéria entrou em recessão

Não foi exatamente uma surpresa, mas não deixa de ser um baque, já que o país deve fechar o ano com sua primeira recessão em duas décadas

Mercado em Lagos, na Nigéria: o país está em sua primeira recessão em décadas (Wikimedia Commons)

Mercado em Lagos, na Nigéria: o país está em sua primeira recessão em décadas (Wikimedia Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de setembro de 2016 às 08h00.

São Paulo - A Nigéria, que dependendo da conta é a maior economia do continente africano, está em recessão.

Dados divulgados na quarta-feira mostraram que o PIB do país recuou 2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior após já ter caído no primeiro trimestre.

Não foi exatamente uma surpresa. O presidente do banco central do país, Godwin Emefiele, alertava já em maio que "uma recessão era iminente".

Mas não deixa de ser um baque, já que a Nigéria deve fechar o ano com sua primeira recessão em mais de 20 anos.

O país cresceu mais de 5% todos os anos na década entre 2000 e 2010, chegando próximo de 15% em 2002. No começo do ano, o FMI previa crescimento de quase 4% para 2016; agora, prevê queda de 1,6%.

Um dos grandes culpados foi a queda do preço do petróleo. O produto, que é a principal exportação do país e responde por 70% de suas receitas, teve seu preço cortado mais do que pela metade desde meados de 2014.

A naira nigeriana caiu junto. O país chegou a estabelecer câmbio fixo por 16 meses, mas voltou a liberar a cotação há cerca de um mês - o que levou a um novo tombo.

Some a isso os ataques a tubulações e instalações de petróleo feitos pelo grupo militante Niger Delta Avengers, que tem como objetivo declarado "aleijar a economia nigeriana".

Em maio, a produção de petróleo nigeriana atingiu seu pior resultado em (coincidentemente) 20 anos e o país perdeu para Angola o posto de maior produtor do continente africano. E o efeito foi devastador sobre todo o resto:

"O crescimento no setor não-petrolífero foi largamente conduzido pelas atividades de agricultura, informação e comunicação, abastecimento de água, recreação, artes e entretenimento, serviços técnicos e científicos profissionais e educação e outros serviços, todos com resultado positivo, enquanto os 19 setores remanescentes, muitos dos quais são indiretamente mas substancialmente dependentes do setor petrolífero, tiveram resultado negativo", diz o comunicado do governo.

Quando foi eleito em abril do ano passado, o presidente Muhammadu Buhari gerou uma onda de otimismo no mercado, mas agora deve ser cada vez mais cobrado para virar esses números.

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