Arrecadação no primeiro semestre de 2010 foi recorde na série histórica (.)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2010 às 14h31.
Brasília - A marca recorde de R$ 379,491 bilhões atingida pela arrecadação federal no primeiro semestre de 2010 é reflexo da carga tributária pesada, associada ao forte crescimento do Brasil - especialmente no primeiro trimestre -, avalia o professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Vander Lucas.
Segundo ele, a carga tributária no país é muito elevada e, quanto mais impostos, mais despesas o governo faz. "Deveria haver uma preocupação maior com a qualidade dos gastos. A população não reclama por pagar impostos, mas quer ver o dinheiro bem aplicado", afirma o professor.
De acordo com o economista, o governo diz que não está gastando em excesso, pois o limite de despesas é atrelado ao Produto Interno Bruto (PIB). "O dinheiro não está sendo bem aplicado, tem muito gasto a fundo perdido", diz Mendes. Para ele, o governo não está investindo o necessário para sustentar o crescimento da economia brasileira. "Sem aumentar os níveis de investimento, podemos ter graves problemas inflacionários mais adiante", alerta.
Previsão para o 2º semestre
Vander Lucas Mendes, da UnB, avalia que o segundo semestre vai ter um crescimento econômico mais moderado. Mesmo assim, o economista acredita que a arrecadação pode continuar em expansão. "A estrutura tributária do Brasil só faz com que a pressão fiscal seja maior", pondera.
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fernando Rezende concorda que a pressão fiscal é grande no Brasil, mas acredita que a previsão de desaceleração da economia não deve mexer com as contas de 2010. "Este ano já está fechado de certa forma. No segundo semestre e a partir do ano que vem, a discussão mais madura sobre uma ampla reforma fiscal pode vir à tona." O economista prevê que a questão possa surgir em discursos eleitorais e tomar força no início de 2011.
"É necessário rediscutir o problema da qualidade dos gastos e da reforma orçamentária. Está na hora desta questão ser encarada com mais vigor. É preciso sair da armadilha da reforma pontual ou parcial", defende o economista da FGV. Apesar de acreditar que a discussão tomará fôlego no início do ano que vem, Rezende diz que "o cenário de 2011 ainda não está muito claro."