Donald Trump: os 12 distritos do Fed apontaram um "modesto ou moderado" crescimento econômico (Joshua Roberts/Reuters)
AFP
Publicado em 2 de março de 2017 às 08h54.
Última atualização em 2 de março de 2017 às 08h55.
Embora otimistas, as empresas americanas estão preocupadas com a incerteza envolvendo os planos econômicos do presidente Donald Trump - declarou o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), nesta quarta-feira (1º).
A pesquisa feita pelos 12 distritos do Fed mostrou que o mercado de trabalho está se estreitando e que, em algumas regiões, é difícil preencher vagas. Não se vislumbram, porém, pressões inflacionárias.
"Alguns entrevistados manifestaram sua preocupação com as mudanças de política na nova administração e com as incertezas correlatas", disse o Fed de Boston no Livro Bege - informe que reúne opiniões de economistas e de agentes econômicos de todo o país como preparação para a reunião sobre política monetária, em 14 e 15 de março.
O Fed de Cleveland ressaltou, por sua vez, que "a indústria automotiva está preocupada com o possível impacto de um ajuste de impostos alfandegários".
O governo Trump já sinalizou que considera taxar as importações, mas não as exportações.
Diante dessa possibilidade, as montadoras advertem que "as peças de automóveis cruzam a fronteira muitas vezes até a montagem final" e que esse tipo de imposto "pode resultar no aumento do preço" dos veículos.
O Federal Reserve de Dallas também reportou uma "crescente incerteza" em relação às próximas mudanças na política, especialmente no setor de manufaturas.
E o Fed de São Francisco citou preocupações com o impacto que os limites à imigração podem ter no setor da agricultura, "particularmente durante a temporada de colheita", com efeitos no custo da mão de obra.
Os 12 distritos do Fed apontaram um "modesto ou moderado" crescimento econômico desde o início do ano.
"As empresas se mostraram, no geral, otimistas quanto à perspectiva a curto prazo, mas em menor grau do que no informa anterior", divulgado em 18 de janeiro.
A enquete não traz grandes alertas que apontem para um aumento em breve nas taxas de juros, mas, ainda assim, os analistas esperam cada vez mais que o Fed volte a aumentá-las de novo este mês, com base em dados de outros relatórios.
"As pressões de preços se modificaram pouco em relação ao informe anterior", disse a pesquisa do Fed, destacando que a maioria dos distritos indicou aumentos de preços modestos, ou moderados.
A medida de inflação preferida pelo Fed - o Índice de Preços de Gastos de Consumo - cresceu, porém, a uma taxa anual de 1,9% em janeiro, muito perto da meta de 2% do Fed, de acordo com dados divulgados nesta quarta. Esse ritmo não era visto desde outubro de 2012.
Quase todos os distritos ressaltaram que as empresas têm problemas para preencher vagas - sobretudo, com trabalhadores altamente qualificados -, o que pressiona um aumento nos salários.