Economia

Política monetária não tem relação direta com o momento, diz Ilan

Ilan afirmou que o BC seguirá trabalhando para manter a funcionalidade do mercado de forma serena e firme

Ilan Goldfajn: "A questão que nós estamos atuando hoje não tem uma relação mecânica e direta com a política monetária" (Adriano Machado/Reuters)

Ilan Goldfajn: "A questão que nós estamos atuando hoje não tem uma relação mecânica e direta com a política monetária" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h46.

Última atualização em 18 de maio de 2017 às 19h00.

Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldjan, afirmou nesta quinta-feira que a política monetária é uma questão à parte dos eventos recentes e que o BC seguirá trabalhando para manter a funcionalidade do mercado de forma serena e firme, usando os instrumentos de que dispõe.

Ao ser questionado se a mensagem anterior do BC sobre o ritmo adequado de cortes na Selic mudava completamente em função do escândalo envolvendo suposta anuência do presidente Michel à compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, Ilan afirmou que a política monetária era uma questão separada.

"A questão que nós estamos atuando hoje não tem uma relação mecânica e direta com a política monetária", afirmou a jornalistas antes de encontro com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

"A política monetária é uma decisão que será tomada nas reuniões ordinárias do Copom (Comitê de Política Monetária) baseada nos objetivos tradicionais do Copom. É diferente", acrescentou.

Em breve fala a jornalistas, Ilan reforçou que a autoridade monetária atuou no mercado em coordenação com o ministério da Fazenda e com o Tesouro Nacional.

"Estamos trabalhando para acalmar os mercados e para atravessar esse período. E é trabalho contínuo, um trabalho sereno, um trabalho firme", acrescentou.

Nesta quinta-feira, as taxas dos contratos futuros de juros dispararam e fecharam nos limites máximos de negociação para o pregão, repercutindo a aversão ao risco e com os investidores já apostando que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de cortes da Selic, atualmente em 11,25 por cento ao ano.

Os DIs precificavam cerca de 80 por cento de chances de redução de 0,50 ponto percentual da Selic no encontro do Copom no final do mês. As apostas restantes indicavam uma tesourada de 0,75 ponto, segundo dados da Reuters. Na véspera, a grande maioria das apostas indicava corte de 1,25 ponto.

Ecoando o terremoto político que se instaurou no país, o dólar encerrou acima de 8 por cento, aproximando-se do patamar de 3,40 reais.

O movimento se deu apesar da venda do BC de 80 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, além de outros 8 mil papéis para a rolagem dos swaps que vencem em junho.

Além dos leilões de swaps pelo BC, o Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão e anunciou três novos leilões de compra e venda de títulos para os próximos dias.

Na véspera, o jornal O Globo divulgou que Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS, teria contado a Temer que pagava a Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, um dos operadores presos na Lava Jato, para que ficassem calados. Diante da informação, Temer teria dito que era necessário manter isso.

Em pronunciamento nesta quinta-feira, o presidente declarou enfaticamente que não renunciará ao cargo e negou ter dado aval ao pagamento pelo silêncio de Cunha.

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