Economia

Política monetária dos EUA ameaça crédito aos emergentes,diz Fed

Fluxos de capital para mercados emergentes são empréstimos bancários denominados em dólares e portanto sensíveis a mudanças monetárias dos EUA

A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, durante coletiva de imprensa em Washington, nos Estados Unidos (Joshua Roberts/Reuters)

A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, durante coletiva de imprensa em Washington, nos Estados Unidos (Joshua Roberts/Reuters)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 05h00.

Última atualização em 7 de novembro de 2017 às 05h00.

Os títulos e ações de mercados emergentes suportaram bem a normalização da política monetária nos EUA até agora. Mas um estudo de economistas do escritório regional do banco central americano (Federal Reserve) em Boston identificou outra fonte de potencial vulnerabilidade para os países em desenvolvimento.

Em sua maioria, os fluxos de capital para mercados emergentes são empréstimos bancários denominados em dólares e portanto sensíveis a mudanças monetárias dos EUA, de acordo com o estudo conduzido por Falk Bräuning e Victoria Ivashina. O relatório não apresentou implicações específicas, mas a análise dos dados "destaca o papel especial que a política monetária dos EUA desempenha na formação dos ciclos de crédito" em mercados emergentes.

Estes foram alguns dos dados citados no estudo:

  • O valor que os bancos estrangeiros têm a receber em mercados emergentes mais do que triplicou, de aproximadamente US$ 2 trilhões em 2005 para US$ 7 trilhões em 2016.
  • Em 2015, os empréstimos representavam metade do passivo externo dos mercados emergentes; já investimentos em carteiras de ações e títulos de dívida externa somavam cerca de 20 por cento.
  • No terceiro trimestre de 2016, aproximadamente 70 por cento dos empréstimos transnacionais para países emergentes da Ásia eram denominados em dólares; essas parcelas eram de 56 por cento para os emergentes da Europa, 91 por cento no continente americano e 89 por cento na África.

"A disponibilidade de crédito bancário estrangeiro" para empresas de mercados emergentes "é fortemente vinculada à política monetária dos EUA", escreveram Bräuning, que é economista sênior do Fed de Boston, e Ivashina, acadêmica visitante. Um típico ciclo de aperto monetário "retiraria fluxos bancários dos mercados emergentes e causaria forte contração do crédito estrangeiro", segundo a dupla.

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