América do Sul: para 2020, a visão dos analistas é de que o ambiente para a região e os emergentes como um todo é negativo (LorenzoT81/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2019 às 14h43.
Última atualização em 21 de novembro de 2019 às 18h26.
São Paulo — O cenário político tem impedido o avanço de reformas estruturais na América Latina, mas o Brasil é uma "notável exceção", avalia a agência de classificação de risco Moody's Investors Service em relatório, nesta quinta-feira, 21.
Para 2020, a visão dos analistas é de que o ambiente para a região e os emergentes como um todo é negativo, por conta do aumento de riscos políticos e geopolíticos.
"Em muitos países da América Latina e ainda na África do Sul e Turquia, a política impede reformas estruturais. O Brasil é uma notável exceção", destaca o relatório.
A Moody's avaliou que o ímpeto de reformas no Brasil continua, aprovada a reforma da Previdência em outubro, e destacou que o rating "Ba2" do Brasil é amparado por este ambiente.
No entanto, as próximas iniciativas já apresentadas são "são complexas em termos do que pretendem alcançar e do processo legal necessário para sua aprovação", afirmou a agência.
"Um prazo apertado para aprovar as reformas antes do início da campanha para as eleições locais em meados de 2020 também representa um desafio", completou.
A agência de classificação de risco considerou ainda que o ambiente de reformas se dá em meio a mudanças no plano político --com o presidente Jair Bolsonaro deixando o PSL para criar uma nova legenda e a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso em Curitiba (PR).
"A mudança no cenário político pode diminuir o ímpeto da reforma fiscal, mas é provável que a reforma tributária avance em 2020, devido ao amplo apoio", disse a Moody's.
O crescimento da América Latina deve se recuperar em 2020, com o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil voltando a se expandir na casa dos 2%, mas os riscos políticos e para as políticas econômicas aumentaram na região, observa a Moody's.
Para os emergentes, a previsão é de avanço de 4,5%, número menor que a média dos últimos anos e longe dos picos de alta do PIB em países como México, Rússia, Índia e China, segundo o relatório.
Mesmo com o ritmo menor de crescimento, os emergentes vão seguir com alta do PIB mais forte que países desenvolvidos, que devem ter avanço médio de 1,5%, observa a Moody's.
Embora tenha crescido o temor de recessão na economia mundial, a Moody's não espera crescimento negativo para nenhum dos principais emergentes em 2020, com exceção da Argentina, ressalta o vice-presidente, Gersan Zurita.