O presidente do FED, Jerome Powell, afirmou que inflação mais alta nos EUA não justifica taxas de juros mais altas e derrubou perspectiva de que banco central dos EUA esteja prestes a retirar estímulo (Al Drago/The New York Times/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 3 de maio de 2021 às 12h09.
Apostas otimistas para o euro ganham força esta semana, depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, jogou água fria sobre as perspectivas de que o banco central dos EUA está prestes a retirar o estímulo à economia americana.
A inflação mais alta nos EUA será temporária e não justifica taxas de juros mais altas, disse Powell. Isso reduziu a diferença entre os ganhos esperados por investidores nos EUA e na Europa e também enfraqueceu apostas em um dólar mais forte. Além disso, reforçou a tese de estrategistas de câmbio, segundo a qual o rali do euro em abril ainda tem fôlego.
“Está claro que a retirada monetária do Fed estará fora da agenda no curto prazo, o que limita a alta dos rendimentos dos EUA e ajuda os ‘bulls' do euro-dólar”, disse Audrey Childe-Freeman, estrategista-chefe de câmbio do G-10 da Bloomberg Intelligence, em referência a investidores que esperam mais ganhos para a moeda única.
Isso marca uma grande mudança de visão em relação ao euro, que começou o ano com desempenho inferior em comparação à libra esterlina e ao dólar, enquanto o continente europeu enfrentava falta de vacinas e casos de Covid teimosamente altos.
Agora o programa de vacinação da zona do euro ganha ritmo, e estrategistas de investimento começaram a revisar expectativas para o crescimento econômico da região.
A recuperação da Europa é refletida no mercado de juros e na diferença entre os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos e seus equivalentes na Alemanha, agora perto do menor nível desde o início de março, em 185 pontos-base.
Neste cenário, há muitas previsões de avanço do euro em relação ao dólar até o fim do ano, mesmo depois de a moeda única ter subido mais de 2% em abril.
Estrategistas do Commerzbank esperam que o euro se recupere para US$ 1,23 no fim do ano em relação a cerca de US$ 1,20 atualmente. A previsão da Bloomberg Intelligence é ainda mais otimista e aponta que o euro atingirá US$ 1,25 em meados do ano com a aceleração da vacinação na Europa e crescente otimismo em relação à economia. O Citigroup vai ainda mais longe, com projeção de que a moeda única alcance entre US$ 1,25 e US$ 1,275 no fim do terceiro trimestre.
“A dinâmica da vacinação na Europa continua a diminuir a lacuna com os EUA e o Reino Unido”, disse Adam Pickett, estrategista de câmbio do Citigroup. “Esperamos que o Fed permaneça do lado ‘dovish'. Isso deve abrir a porta para uma maior valorização euro-dólar.”
Fundos alavancados reduziram posições vendidas líquidas em euros para o menor nível desde o início de março, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities para a semana até 27 de abril.
As estratégias de reversão de risco de um mês, um termômetro do mercado, sinalizaram que, em abril, o otimismo de operadores sobre o euro frente ao dólar era o mais forte desde o final de fevereiro.