Economia

Polícia desaloja indignados de Londres após 4 meses

Agentes das forças de segurança retiraram as barracas da St Paul's Cathedral , em uma operação que terminou com a detenção de 20 pessoas

O acampamento em Londres: a catedral destacou nesta terça-feira em comunicado que a manifestação ajudou a 'avaliar' importantes temas, como a justiça social e econômica (Ben Stansall/AFP)

O acampamento em Londres: a catedral destacou nesta terça-feira em comunicado que a manifestação ajudou a 'avaliar' importantes temas, como a justiça social e econômica (Ben Stansall/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às 12h35.

Londres - Os indignados de Londres foram desalojados nesta madrugada da St Paul's Cathedral após quatro meses de protesto contra os excessos do capitalismo e de um processo legal travado entre os manifestantes e as autoridades da cidade.

Os acampados do chamado 'Occupy London' se instalaram ao pé do templo anglicano no dia 15 de outubro e desde então foram centro de uma grande atenção midiática, colocando em xeque as autoridades eclesiásticas da catedral.

Para executar uma ordem judicial, agentes das forças de segurança se dirigiram nesta madrugada ao local para retirar as barracas, em uma operação que foi 'pacífica', mas que terminou com a detenção de 20 pessoas por 'obstruir o trabalho dos agentes', informou a polícia.

A catedral - que recebe milhares de turistas por ano e é famosa por ter sido o local do casamento do príncipe Charles e Diana - recuperará sua normalidade nesta terça, apesar da manutenção da presença policial, e espera-se que sua área fique 'limpa' em três dias.

A polícia retirou os manifestantes depois que um tribunal deu o sinal verde em 18 de janeiro para o despejo e após a corte de apelações de Londres rejeitar o direito dos acampados a recorrer.

A estudante Kai Wargalla, de 27 anos e encarregada de assessorar o grupo em questões legais, lamentou nesta terça a decisão da polícia.

'Acho que podemos ficar orgulhosos do que conseguimos. Nossa comunidade está sendo atacada, mas nos juntaremos outra vez e seremos mais fortes', disse.

A jovem, que é da Alemanha, manifestou seu descontentamento pelo despejo, visto que os acampados acreditavam que receberiam o apoio da catedral.

'Não esperávamos ser retirados das escadarias da catedral, porque anteriormente a igreja tinha dito que nos acolheria se houvesse um despejo violento', acrescentou.


A Prefeitura da City de Londres (centro financeiro e ao qual a catedral pertence) lamentou em uma nota que tenha sido preciso recorrer à força para despejar os indignados, mas insistiu que a Justiça foi clara.

O comunicado lembrou que em janeiro o Tribunal Superior de Londres considerou que a Prefeitura da City atuou de 'maneira responsável e justa' durante todos estes meses.

Por sua vez, a catedral destacou nesta terça-feira em comunicado que a manifestação ajudou a 'avaliar' importantes temas, como a justiça social e econômica.

'Lamentamos que o acampamento tenha tido que ser desalojado, mas estamos totalmente comprometidos a continuar apoiando estes assuntos', aponta a nota.

Em 18 de janeiro, o Tribunal Superior de Londres autorizou o despejo dos manifestantes ao aceitar o argumento da City de Londres, que apontava para a necessidade de abrir a passagem aos transeuntes nos arredores da St Paul's Cathedral, e na semana passada o Tribunal de Apelações negou aos indignados a permissão para recorrer ao Supremo.

Tanto o Tribunal Superior como o de Apelações considerou que a expulsão não prejudicava os direitos dos manifestantes.

Durante o processo judicial, os membros do 'Occupy London' argumentaram que o acampamento não só não prejudicava a atividade da catedral, como teve efeitos positivos nos visitantes, muitos dos quais expressaram seu apoio ao movimento.

Apesar de tudo, os meses de ocupação puseram em xeque a reação das autoridades da catedral, que decidiram fechá-la durante uma semana em outubro - pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial - porque descumpria a lei sobre segurança pública.

A tudo isso se somou a demissão do chamado chanceler da catedral, o cônego Giles Fraser, e a do decano do templo, o reverendo Graeme Knowles, que chegou a qualificar a situação como 'uma prova' para as autoridades. 

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