Economia

Pobreza extrema sobe 11% no Brasil e atinge 7% da população

É considerado em extrema pobreza aquele que ganha menos de US$ 1,90 de renda domiciliar per capita por dia ou 136 reais por mês

Piora da pobreza extrema acontece apesar do fim oficial da recessão (Cristiano Mariz/VEJA)

Piora da pobreza extrema acontece apesar do fim oficial da recessão (Cristiano Mariz/VEJA)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 12 de abril de 2018 às 17h09.

Última atualização em 13 de abril de 2018 às 11h35.

São Paulo - O número de brasileiros em situação de pobreza extrema subiu 11,2% entre 2016 e 2017, passando de 13,34 milhões para 14,83 milhões.

Com isso, a porcentagem de pessoas nesta condição no país pulou de 6,5% para 7,2% de um ano para o outro.

Os dados são de um estudo da LCA Consultores com base nos microdados da Pnad Contínua divulgados nesta quarta-feira (11) pelo IBGE. 

É considerado em extrema pobreza aquele com renda domiciliar per capita de US$ 1,90 por dia ou 136 reais por mês.

A piora da pobreza extrema aconteceu apesar do fim oficial da recessão econômica, com crescimento de 1% no balanço de 2017 após quedas consecutivas de 3,5% em 2015 e em 2016.]

"Estamos falando de pessoas que em geral não são alcançadas pelo emprego formal, nas quais o mercado não consegue chegar", diz Cosmo Donato, economista da LCA.

"Se mesmo quando a economia crescendo muito não conseguia chegar, não é agora com retomada incipiente que conseguiria".

O desemprego teve uma ligeira queda ao longo do ano, mas puxada quase que integralmente pela informalidade e pelo emprego em conta própria.

Cosmo também vê nos dados de pobreza extrema um possível efeito da crise fiscal e da queda de dois dígitos do investimento público em 2017.

Segundo ele, o investimento em rubricas como obras públicas muitas vezes tinha efeitos multiplicadores no interior do país, mesmo quando seu custo-benefício era duvidoso.

Regiões e estados

A alta da pobreza aconteceu em todas as regiões brasileiras, indo de 2% na região Norte (1,95 milhão para 1,99 milhão de pessoas) a 24% na região Centro-Oeste (4,4 milhões para 5,5 milhões). Mas é preciso tomar cuidado com as altas relativas.

O Nordeste, por exemplo, teve uma alta de 10,8% na pobreza extrema, um pouco abaixo da média nacional, mas concentra mais da metade das pessoas nestas condições.

Em estados com histórico de baixas taxas de pobreza, altas absolutas menores no número de indivíduos muito pobres geraram saltos chocantes: foi o caso de Paraná (37%), Distrito Federal (61%) e Mato Grosso do Sul (70%).

Houve queda do número de pessoas em pobreza extrema em Rondônia (-18,7%), Tocantins (-14%), Santa Catarina (-9,7%), Amapá (-1,6%), Ceará (-1,5%), Mato Grosso (-1,3%) e Paraíba (-1%) de 2016 para 2017.

Critérios

O números de câmbio real são de 2011 com correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias de renda mais baixa.

A referência de renda que define pobreza é do Banco Mundial e usa dólar em paridade de poder de compra, uma medida que equaliza o valor de bens e serviços nos diferentes países.

Foram consideradas todas as fontes efetivas de renda: trabalho, previdência ou pensão, programas sociais, etc.

No momento não é possível comparar os dados com os de anos anteriores por causa de mudanças recentes na metodologia da PNAD Contínua. A LCA está trabalhando para harmonizar os dados e criar uma série histórica.

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