Economia

Pobreza extrema cai pra 10% da população pela primeira vez

O número de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza no mundo diminuirá no final de 2015 para 702 milhões, frente aos 902 milhões de 2012


	Pobreza: nos últimos três anos, 200 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza
 (Getty Images)

Pobreza: nos últimos três anos, 200 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2015 às 13h07.

Washington - O número de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza no mundo diminuirá no final de 2015 para 702 milhões, frente aos 902 milhões de 2012, o que significa que terá caído pela primeira vez para 10 % da população, indicou neste domingo o Banco Mundial (BM) em suas novas projeções.

Nos últimos três anos, 200 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza e o percentual total em relação à população mundial terá passado de 12,8% em 2012 para 9,6 % no final deste ano.

"Estas projeções demonstram que somos a primeira geração na história da Humanidade que pode pôr fim à pobreza extrema", assinalou Jim Yong Kim, presidente do BM, em entrevista coletiva de apresentação dos dados.

No comparecimento, em que Kim esteve acompanhado pelo economista-chefe do BM, Kaushik Basu, ambos explicaram que a redução da extrema pobreza nestes três anos aconteceu em todo o planeta.

Na Ásia Oriental e no Pacífico, passou de 7,2 % para 4,1 %; na América Latina, de 6,2 % para 5,6 %; no sul da Ásia, de 18,8 % para 13,5 %; e na África Subsaariana de 42,6 % para 32,5%.

"Grande parte deste descenso global se deve à expansão registrada pela Índia", afirmou Basu, ao apontar que a economia indiana é a que continua a registrar taxas de crescimento elevadas.

A instituição destacou como a concentração da pobreza global nas últimas duas décadas se transferiu da Ásia para a África Subsaariana: em 1990 a metade da população estava no continente asiático e cerca de 15 % na África.

Por outro lado, as novas previsões situam este ano metade da população global abaixo da linha de pobreza na África e apenas 15 % na Ásia.

Apesar da tendência generalizada de baixa, o BM advertiu que a pobreza está se fazendo "mais profunda e enraizada nos países afetados por conflitos bélicos ou excessivamente dependentes das exportações de matérias-primas".

A África Subsaariana foi especialmente afetada pelo "rápido" crescimento demográfico, já que se trata de "um fator- chave para conter o progresso".

No entanto, o presidente do BM precisou que estes progressos estão agora "ameaçados" pelo período de arrefecimento do crescimento e a volatilidade financeira nos mercados emergentes.

Kim ressaltou que "os emergentes estão enfrentando uma situação muito difícil para acessar o capital", diante dos crescentes custos de financiamento associados à iminente alta de taxas de juros nos Estados Unidos.

O BM também anunciou que atualizou a linha de pobreza extrema, que até agora era de US$ 1,25 por dia, para US$ 1,90 ao dia, para incorporar "nova informação sobre as diferenças no custo de vida entre os países".

Por último, Kim pediu um crescimento inclusivo frente à noção de "economia de gotejamento", que, segundo sua opinião, só contribui para reforçar a desigualdade; e insistiu em fortalecer uma arrecadação de impostos mais equitativa nos países em desenvolvimento que evite a evasão por parte dos mais ricos.

Semana que vem, entre 6 e 11 de outubro, o organismo realizará em Lima sua assembleia anual conjunta com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o retorno das instituições criadas no acordo de Bretton Woods à América Latina após quase 50 anos. 

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